O secretário de Estado da Cultura defendeu hoje, na inauguração do restauro do salão nobre do Palácio da Pena, em Sintra, que o país não se distingue pelas suas praias, mas pelos seus valores patrimoniais.
"Distinguimo-nos pelo nosso património", frisou Jorge Barreto Xavier, salientando que não são as praias que contribuem para a identidade nacional, mas os valores culturais do país, salientando a importância da aposta na valorização do património.
O projeto de restauro do salão nobre do Palácio da Pena, na serra de Sintra, decorreu durante três anos à vista dos visitantes.
O secretário de Estado elogiou o trabalho desenvolvido pela sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), com o qual se pode aprender e ser usado na reabilitação de outros monumentos do eixo patrimonial de Belém-Ajuda, em Lisboa.
Apesar da ressalva de que as intervenções devem ser adequadas a cada monumento, Barreto Xavier considerou o projeto executado em Sintra por uma sociedade de capitais exclusivamente públicos contribui também para atrair cada vez mais a população e outros visitantes.
O restauro do salão nobre representou um investimento de 262.500 euros, através de capitais próprios da PSML. Além da recuperação de infraestruturas, o projeto de restauro envolveu o pavimento, revestimentos em madeira e em estuque, lustres, vitrais, mobiliário e objectos de decoração, como porcelanas.
O espaço readquiriu o seu aspecto original através de consultores em diversas áreas, incluindo análises de materiais do Laboratório José de Figueiredo.
O papel deste organismo da Direção-Geral do Património Cultural foi hoje sublinhado pelo presidente da PSML, António Lamas, de entre as diversas entidades e empresas contratadas para participar no projeto.
Os revestimentos de paredes e tetos foram tratados respeitando as técnicas e materiais originais. A Escada das Cabaças viu recuperada a pintura decorativa, que estava quase apagada. A Sala da Entrada beneficiou do restauro dos painéis de estuque moldado.
O restauro dos vitrais das janelas incluiu também a recuperação das caixilharias, a consolidação das calhas de chumbo e o tratamento das fraturas e lacunas cromáticas.
O Palácio da Pena foi construído a partir de 1839, por iniciativa de D. Fernando II, em torno das ruínas de um antigo mosteiro Jerónimo do século XVI.
A PSML, criada em 2000 para gerir os monumentos e parques históricos na Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Património Mundial pela UNESCO, tem como accionistas o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças, o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Sintra.