O Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta considerou hoje que está a gerar um "alarmismo desnecessário" o documento de 40 diretores de serviço, sobre situações graves na unidade hospitalar de Almada.
Em nota enviada à agência Lusa, a direção do hospital diz que as "situações ou problemas graves não correspondem à realidade" da instituição, causando "alarmismo desnecessário".
A administração refere que o Hospital Garcia de Orta, "mercê de todo o esforço dos profissionais, fez um grande esforço nos últimos anos para melhorar a eficiência e a qualidade".
Sublinhou ainda que "o sistema de qualidade foi reconhecido internacionalmente" e acentuou que a "eficiência passou de uma situação deficitária para uma situação de 'superavit'".
"Com a ajuda do Ministério da Saúde foi já possível amortizar a maior parte da dívida acumulada e encurtar os prazos de pagamento", lê-se na nota enviada à imprensa, acrescentando a administração do hospita que se está a "encontrar algumas soluções para resolver os problemas ao nível dos recursos humanos".
"Devido à limitação dos recursos públicos, não temos conseguido que a atividade do Hospital seja totalmente financiada, o que se traduz de facto em algumas dificuldades, designadamente, ao nível da renovação e manutenção das infraestruturas e do parque tecnológico, mas estamos com o Ministério da Saúde a tentar encontrar soluções".
Em documento a que a Lusa teve acesso, 42 diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta denunciaram situações graves na instituição, como o adiamento de cirurgias, consultas e exames por falta de profissionais e equipamentos ultrapassados.
Os diretores representam a Comissão Médica do Hospital Garcia de Orta e o documento foi enviado para o Ministério da Saúde, a Ordem dos Médicos e grupos parlamentares da Assembleia da República, entre outros.
Os médicos salientam "a saída de muitos médicos e enfermeiros do hospital" e referem "o impedimento da ação gestionária do Conselho de Administração e das estruturas intermédias de gestão do hospital, por via da centralização administrativa, no que concerne a políticas de recursos humanos e compras".
Por isso, consideram que tal "afetará gravemente a prossecução da missão do Hospital Garcia de Orta e da sua atividade assistencial".
Outra preocupação destes chefes de serviço -- entre os quais a ex-ministra da Saúde Ana Jorge -- prende-se com o estado dos equipamentos médicos, "em muitos casos completamente obsolescentes e com necessidade de substituição ou modernização urgente".
"Existem casos gritantes, como o da pediatria médica, com incubadoras, ventiladores mecânicos e monitores com 20 anos de uso, que pese embora ainda funcionantes, têm taxas de operacionalidade que comprometem a qualidade dos cuidados prestados", refere a comissão no documento.