Os deputados da Assembleia Municipal de Oeiras debateram hoje o estado do município, numa discussão em que se recordou diversas vezes o ex-autarca Isaltino Morais, preso desde abril, e questionou a credibilidade do novo presidente Paulo Vistas.
Nas suas intervenções, os partidos da oposição ao executivo liderado pelo movimento Isaltino, Oeiras Mais À Frente (IOMAF) lembraram a figura do antigo presidente Isaltino Morais e o processo judicial que acabou por levar à sua prisão, a 24 de abril passado, condenado por crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Desde então, Paulo Vistas assumiu a presidência da Câmara de Oeiras, cargo muitas vezes hoje evocado ironicamente pelos deputados da oposição.
"Senhor presidente agora em funções", "presidente em exercício", ou "presidente substituto" foram os termos usados por alguns deputados municipais aquando das suas intervenções ao dirigirem-se a Paulo Vistas, o que levou até o líder da bancada municipal do IOMAF, António Moita, a exigir que se "parassem com as brincadeiras de uma vez por todas".
Em declarações à agência Lusa, Paulo Vistas assegurou que não tem "nenhum complexo" por ser presidente substituto e que, "pelo contrário", tem "muito orgulho em ter substituído Isaltino Morais", continuando o trabalho.
Sobre as diversas referências ao seu antecessor, Paulo Vistas considerou que é "normal no período eleitoral".
"A oposição serve-se do nome de Isaltino Morais como forma destabilizadora", afirmou.
Durante quatro horas de debate sobre o município de Oeiras, os partidos da oposição criticaram, sobretudo, o "despesismo" financeiro da autarquia.
"O atual executivo, neste mandato, nada inovou, nada resolveu e muitas vezes agravou. Por isso, é preciso repensar de forma criteriosa as políticas municipais. É preciso mudar", disse Alexandra Moura, do PS.
Também Isabel Sande e Castro, do CDS-PP, sublinhou que as próximas eleições autárquicas, a 29 de setembro, "determinam um momento de mudança".
"É preciso refletir sobre como conseguir combater os problemas financeiros do município", acrescentou Daniel Branco, da CDU.
Já o líder da bancada municipal do PSD, Jorge Pracana, disse que "muito se fez em Oeiras", mas que agora é "necessário renovar para não paralisar".
Também António Moita, do IOMAF, recordou a aposta na coesão social e no desenvolvimento cultural por parte do atual executivo.
"Temos obra feita mas queremos continuar a fazer", sustentou.
Isaltino Morais ficou preso no estabelecimento prisional anexo à PJ, em Lisboa, e posteriormente transferido, a 08 de maio, para o Estabelecimento Prisional da Carregueira (Sintra) para cumprir dois anos de prisão efetiva.
Paulo Vistas disse à Lusa que às vezes contacta com Isaltino Morais, mas para lhe manifestar apoio e solidariedade, assegurando que o ex-autarca "não tem qualquer participação nas decisões do quotidiano do executivo" e que se mantém atualizado pelo que se passa em Oeiras através dos jornais e da televisão.
