Jogos Europeus: Telma Monteiro já pensa no desafio olímpico

A pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos, Telma Monteiro acredita que à quarta vai ser de vez e que será no Rio de Janeiro que conquistará a única medalha que falta no melhor palmarés de sempre de um judoca português.
 
Todos os trilhos da conversa com a agência Lusa conduziram as palavras de Telma Monteiro, invariavelmente, a um lugar no futuro: os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
 
Falta pouco mais de um ano para a maior competição desportiva internacional e, sentada no tatami do complexo desportivo do Jamor (Oeiras), com o ‘equipamento’ da seleção nacional vestido, a mais medalhada judoca portuguesa responde com um “Eu acredito que sim” quando questionado se será no Brasil que vai conquistar a única medalha que lhe falta na carreira.
 
“Em todas as edições em que estive presente senti essa confiança da parte das pessoas, que eu podia alcançar esse resultado. Da minha parte também, fiz tudo para o conseguir, infelizmente não foi possível. Continuo a trabalhar para me manter ao mais alto nível, a nível mundial, e tenho conseguido. Tenho a certeza que depois de todas as edições, depois de Pequim e Londres, em que tinha 27 anos, a expetativa das pessoas, quando o resultado não foi o desejado, baixou um pouco, mas eu consegui provar que isso não tem nada a ver, que eu consigo manter-me no topo mundial – fui vice-campeã do mundo, sou líder do ‘ranking’ mundial. Penso que devo continuar a acreditar e, sobretudo, a trabalhar para chegar ao Rio de Janeiro com esse objetivo”, disse a quatro vezes vice-campeã mundial.
 
Depois do nono lugar em Atenas2004 e Pequim2008, na categoria -52 kg, Telma Monteiro chegou a Londres2012 como porta-estandarte da delegação portuguesa e terceira classificada do ‘ranking’ mundial em -57 kg, mas perdeu no primeiro combate. Hoje, a judoca de 29 anos confessa lidar bem com as expetativas olímpicas dos outros em relação a si.
 
“Eu não vejo como pressão. Penso que as pessoas acreditam em mim, porque eu tenho trazido muitas medalhas, de Campeonatos da Europa, do Mundo, de ‘Grand Slams’. Já ganhei um Masters, [fui] várias vezes medalhada nos Masters e várias vezes número um do ‘ranking’ mundial. É normal que essa expetativa exista. Tenho de ver isso como algo natural e como um voto de confiança que as pessoas têm em mim. Eu própria desejo isso para mim. Faz parte da vida de um atleta e eu não vejo isso de forma negativa”, assegurou à agência Lusa.
 
A caminho dos seus quartos Jogos Olímpicos – o apuramento ainda não está fechado, mas como líder do ‘ranking’ a sua presença no Rio de Janeiro é quase uma certeza -, Telma Monteiro não está ansiosa.
 
“Sinto que o tempo passou muito depressa. Cada vez que consegui ir aos jogos olímpicos foi fruto de muito trabalho e penso que isso passa despercebido às pessoas. Nós para irmos temos todo um apuramento e temos de nos manter no ‘top’ mundial, no caso do judo, durante dois anos. Para mim poder estar nos quartos Jogos Olímpicos diz muito sobre a minha carreira e a atleta que tenho sido. Agora é tentar melhorar o resultado das outras edições”, destacou.
 
As voltas do tempo são algo que a judoca tem muito presente e a que volta quando se aponta para esse futuro não tão distante de agosto de 2016.
 
“De todas as experiências que tive, depois de outras edições dos Jogos Olímpicos, tem sido sempre assim, o tempo passa muito depressa, porque estamos sempre à procura da perfeição, sempre à procura de melhores resultados. Quase todos os meses competimos e quase não há tempo para parar. Sei que este ano vai passar a voar e tudo o que quero é aproveitar ao máximo cada dia para estar o melhor que posso estar no dia da minha competição dos Jogos Olímpicos”, assumiu.
 
E uma quinta participação olímpica, em Tóquio2020, poderá estar no horizonte? Telma Monteiro abre um sorriso e dispara: “Para já estou focada no Rio, porque falta um ano e é muito tempo, ao mesmo tempo que é pouco tempo, porque é preciso afinar muitas coisas. A este nível já não é uma grande mudança que vai fazer a diferença, mas são as pequenas coisas. E para mudar pequenas coisas às vezes é preciso muito trabalho. Eu prefiro estar focada no Rio de Janeiro, um passo de cada vez e depois pensar no futuro. Quando a competição acabar vou pensar com calma no que vou fazer”.
 
Telma Monteiro vai tentar agora mais um título europeu, nos I Jogos Europeus, em Baku, que decorrerão em simultâneo com o campeonato continental.