Um dos quatro jovens acusados de agressões e injúrias a militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), em março de 2015, em Alcabideche, Cascais, e que ficou em prisão preventiva, assumiu hoje a sua culpa e mostrou arrependimento.
Com 20 anos, o jovem está quase há um ano em prisão preventiva, na sequência de alegados confrontos com a GNR e agressão com um pé de cabra a um militar, após uma festa não autorizada, no Bairro da Cruz Vermelha.
Na primeira audiência de julgamento, que decorreu hoje no Tribunal de Cascais, o arguido disse querer "assumir a sua responsabilidade" e que estava "completamente arrependido".
"Gostava, se pudesse, de remediar a situação. E devo um pedido de desculpas aos militares da GNR. Já passou tempo suficiente para pensar nos erros que cometi e só quero mostrar que estou arrependido", afirmou, perante o coletivo de juízes.
Contou ainda que tudo aconteceu após uma festa de aniversário, no qual estiveram reunidas cerca de 50 pessoas e que, perante queixas da música alta, a GNR apareceu para por fim à situação e dispersar as pessoas.
Segundo contou, "estava bastante embriagado", foi sujeito a uma revista "agressiva" por um dos militares e acabou por fugir para sua casa. Foi então intercetado com "uma rasteira" por um dos militares, que lhe começou "a bater violentamente com pontapés e cassetete".
Foi neste seguimento, e depois de um dos seus amigos arguido no processo ter tentado separar o militar, que acabou por atingir o militar com o pé de cabra.
Dos restantes arguidos, apenas dois deles compareceram também hoje em tribunal.
Estes negaram qualquer agressão aos militares e afirmaram que só quiseram proteger o amigo da violência da GNR.
"Não ia deixar o miúdo a levar ‘porrada’, deitado no chão, com um cassetete, e não fazer nada. Pus-me à frente do militar, a pedir-lhe que parasse, mas nunca lhe dei um murro ou agarrei no pescoço, como diz a acusação", afirmou um dos jovens, de 23 anos.
Também o outro envolvido negou que tivesse agredido alguém e que tivesse também sido agredido.
Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, dois dos sete militares da GNR que se deslocaram ao local foram agredidos com murros e atingidos com um pé de cabra por dois dos arguidos, que estão também acusados de homicídio qualificado na forma tentada.
Em consequência dos confrontos e das agressões, ocorridos na madrugada de 22 de março, no Bairro da Cruz Vermelha, um dos militares "ficou totalmente incapacitado para o trabalho durante 73 dias" e o outro militar "esteve 10 dias impossibilitado de trabalhar".
Da acusação consta ainda que, apesar dos reiterados avisos para acabar com a festa e para dispersar, algumas pessoas, entre elas os arguidos, permaneceram no local e começaram a agredir verbalmente os elementos da GNR.
Os episódios de violência física, acrescenta o MP, começaram de seguida, tendo os arguidos "arremessado pedras e outros objetos na direção dos militares da GNR e das suas viaturas".
A acusação salienta que a situação "obrigou" os militares a efetuarem vários disparos com balas de borracha para o ar.
Na sequência dos desacatos, dois dos militares foram agredidos por dois dos arguidos com um pé de cabra, na cabeça e noutras partes do corpo.
Os arguidos, com idades entre 20 e 22 anos, respondem por desobediência à ordem ou dispersão de reunião pública, injúria agravada, resistência e coação, dano e ofensa à integridade física qualificada.