A construção de uma ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria (Almada) custará 160 milhões de euros, numa extensão de 7,9 quilómetros, e deverá estar concluída no segundo semestre de 2019, disse hoje o presidente da Refer.
O responsável foi hoje ouvido numa audição conjunta das comissões parlamentares de Economia, de Ambiente e de Agricultura e Mar, a propósito do projeto do Governo para a reestruturação do estuário do Tejo (relativo ao Porto de Lisboa, que abrange também municípios da margem sul), que prevê a construção de um novo terminal de contentores na Trafaria, orçado em mil milhões de euros.
Questionado pelos deputados sobre o projeto da Refer de ligação ferroviário à futura infraestrutura, Rui Loureiro adiantou que o traçado escolhido é aquele que tem menor impacto ambiental - o caminho-de-ferro terá de atravessar a arriba fóssil da Costa da Caparica (Almada), classificada como área protegida.
Para minimizar os impactes ambientais, o traçado, entre o terminal e a linha do Sul, na zona do Pinhal Novo, terá três túneis e três viadutos.
"A arriba fóssil é uma pecha do projeto", disse aos jornalistas Rui Loureiro, admitindo que a solução dos túneis encarece a obra, que está orçada em 152 milhões de euros.
A obra, que deverá demorar dois anos a ser construída e estar concluída no segundo semestre de 2019, terá ainda um custo acrescido de oito milhões de euros necessários para expropriações. O responsável disse não estar ainda definido quem pagará - se a Refer se o futuro concessionário do terminal, caso em que a operação na linha ficaria exclusiva para o operador que vier a gerir o novo porto.
O presidente da Refer referiu que "a assunção da Trafaria [como local para construção de um novo terminal] não é atual", pelo que há "um canal mais ou menos reservado da linha do Sul até à Trafaria".
Rui Loureiro esclareceu ainda que a linha se destinará apenas ao transporte de mercadorias e que não está equacionada a possibilidade de construir uma nova ponte sobre o rio Tejo.
Na audição, João Grade, vogal da administração da Estradas de Portugal, explicou que está construída a ligação da Trafaria ao IC20 (itinerário complementar) e que a empresa terá apenas de construir uma ligação entre a localidade e o terminal, com cerca de 900 metros, cujo custo está estimado em dois milhões de euros.
O responsável acrescentou que os estudos já realizados "não estão suficientemente desenvolvidos" quanto ao impacto no tráfego.
O presidente da CP Carga, Aires São Pedro, referiu que no ano passado a empresa transportou 8,7 milhões de toneladas de mercadorias, dos quais mais de metade (58%) "teve origem e destino nos portos portugueses", com Sines a liderar (60%) e Lisboa apenas com 7%.
"O Porto de Lisboa tem vindo a perder peso na nossa atividade. Em 2010 era cerca de 15%", referiu.
O responsável lembrou que as condições da operação no terminal de Alcântara são "extremamente deficientes", com a linha férrea a cruzar a estrada, o que obriga a "restrições enormes e custos significativos que a CP Carga tem de suportar, na ordem dos 400 mil euros/ano".