Luta contra obesidade infantil ganha manual

A preocupação pelos efeitos nefastos que a crise poderá ter no estado nutricional das crianças no seio das famílias mais desfavorecidas deverá ser um dos principais aspectos a ter em conta pelo programa MUN-SI, iniciativa que visa a promoção da saúde infantil nos municípios e cujo novo formato foi apresentado, na passada segunda-feira, na Fábrica da Pólvora, em Barcarena.

Oeiras é o primeiro município a assegurar o arranque de acções no âmbito deste programa, graças ao patrocínio da empresa Sanofi-Aventis (aderente ao Oeiras Solidária) que disponibilizou 6500 euros para iniciativas nesta área. Acções que, a partir de agora, contam, também, com uma nova ferramenta: o Manual de Nutrição Alimentar, um guia prático constituído por fichas de actividades lúdicas e pedagógicas para crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico, à venda nas livrarias, uma vez que não se destina apenas aos professores, mas sim a toda a comunidade educativa.

“O programa MUN-SI contemplou, no município de Oeiras, a avaliação do estado nutricional de 850 crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico, a realização de diversas actividades de educação alimentar, nomeadamente a formação de professores (33) e auxiliares de acção educativa (30), seis 'workshops' de cozinha saudável para pais e educadores e a participação na elaboração do manual agora lançado”, referiu a vereadora da Acção Social e Cultura, Elisabete Oliveira, fazendo uma retrospectiva de 2008 a 2011 e justificando a sua continuidade.

Depois do fim do apoio financeiro da Direcção-Geral de Saúde à Plataforma Contra a Obesidade, o MUN-SI apresenta-se sem suporte financeiro por parte do Estado. Por essa razão, terão de ser os municípios a encontrarem apoios, próprios ou de parceiros locais. O programa tem, para já, o objectivo de intervir nos 29 concelhos que fazem parte da Rede de Cidades Saudáveis – no qual Oeiras já desenvolve várias actividades – bem mais do que os cinco que acompanharam a fase anterior.

“O nosso papel é ouvir as necessidades dos municípios e ajudá-los a desenvolverem as respostas mais ajustadas a essas necessidades, às suas capacidades e às iniciativas que já tenham em curso, fomentando a busca de apoios institucionais e de parcerias entre unidades de saúde, municípios, escolas e pais”, explicou Ana Rito, investigadora do Instituto Nacional Ricardo Jorge e coordenadora do MUN-SI, considerando o novo programa “mais abrangente”, mas não escondendo que não virão apoios financeiros por parte do Poder Central. Em contrapartida, diz, “os ministérios da Saúde e da Educação, e outros, estarão sempre interessados no combate a esta doença”, uma vez que se trata de “uma epidemia”, enfermidade mais espalhada em Portugal, que é, de resto, “um dos países da Europa com maior prevalência da obesidade”.