Mais de 6.000 pessoas contestam terminal de contentores na Trafaria

Cerca de 6.400 pessoas consideram que a intenção do Governo de construir um terminal de contentores na Trafaria é um "crime de lesa pátria", numa petição hoje entregue pelos autarcas de Almada na Assembleia da República.
O abaixo-assinado, que recolheu as assinaturas em menos de um mês, foi entregue no parlamento pela presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa (CDU), o presidente da Assembleia Municipal de Almada, José Manuel Maia (CDU) e os presidentes das 11 juntas de freguesia do concelho.
O documento transmite uma "profunda convicção de que a concretização da construção deste terminal corresponderá a um crime ambiental de ‘lesa pátria', incidindo numa zona de grande riqueza ambiental e paisagística".
Em declarações aos jornalistas no parlamento, Maria Emília de Sousa afirmou que a contestação ao projeto anunciado pelo governo em fevereiro - que deverá ocupar uma área de 200 a 300 hectares de plano de água e terra - pretende "defender a beleza natural do concelho e o seu potencial para o turismo, para o desenvolvimento tecnológico e das indústrias criativas".
"Somos pelo desenvolvimento, mas temos o nosso rumo traçado. A estratégia de desenvolvimento para aquele território no quadro da Área Metropolitana de Lisboa seria completamente esmagada com esta ideia", declarou a autarca comunista, que se mostrou preocupada com a previsão de construção de uma linha de caminho de ferro entre Trafaria e Setil (Cartaxo), "com comboios de mercadorias de 700 metros, para levarem depois os produtos para o norte do país".
A presidente do município de Almada chamou a atenção para a "necessidade de explorar Sines, cujo potencial está muito aquém de ser aproveitado".
A questão ambiental também preocupa os autarcas: "Temos ali uma área de reprodução de fauna marinha que é muitíssimo importante, e que seria destruída", disse a autarca, alertando ainda para a destruição de centenas de postos de trabalho entre a comunidade piscatória.
Uma perda de emprego que não seria compensada pelo terminal de contentores, que deverá criar 400 postos de trabalho.
Na petição, é exigido ao Governo que retome o "projeto estratégico" do Arco Ribeirinho Sul, envolvendo os concelhos de Almada, Barreiro e Montijo, que poderá "gerar 60 mil postos de trabalho", além da continuação do programa Polis na Costa de Caparica, que deverá criar entre 10 a 15 mil novos empregos, referiu Maria Emília de Sousa.
A petição deverá agora seguir para debate pelo plenário da Assembleia da República, uma vez que excede as 4.000 assinaturas exigidas para esse efeito.