O Presidente da República considera que a atribuição do Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural a Eduardo Lourenço consagra "um pensamento vivo, ativo e interventivo" e defendeu que qualquer prémio para o ensaísta é incontestável.
"Quando alguém atribui um prémio a Eduardo Lourenço, esse é, por natureza, um prémio incontestável. E até nos podemos perguntar se há algum prémio que Eduardo Lourenço não mereça", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia de entrega daquele prémio, realizada quarta-feira no auditório do Casino Estoril.
Segundo o chefe de Estado, "tendo em conta a sua obra ensaística, jornalística, crítica, política, filosófica, é natural que os júris de prémios como o Pessoa e o Camões o tenham distinguido, que várias universidades lhe tenham atribuído doutoramentos honoris causa", entre outras distinções, "e até que seja hoje um precioso elemento do Conselho de Estado".
Marcelo Rebelo de Sousa, que no início do seu mandato convidou Eduardo Lourenço para ser conselheiro de Estado, considerou que o estatuto de que o ensaísta hoje usufrui "é mérito seu, um mérito que, aliás, encara com humildade e ironia".
"Para citar um título de Vergílio Ferreira, um homem com algumas preocupações coincidentes, podemos dizer que pensar foi a atividade de uma vida inteira para Eduardo Lourenço, e pensar não é a característica mais marcante da cultura portuguesa, que mais facilmente sente do que especula", referiu.
O Presidente da República acrescentou "que este prémio Vasco Graça Moura, instituído em boa hora pela Estoril Sol e pela Babel, é mais uma etapa da consagração de um pensamento vivo, ativo e interventivo, até porque o prémio diz respeito à cidadania cultural".
Esta foi a primeira edição do Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural.
Instituído em memória do escritor e político Vasco Graça Moura, que morreu em abril de 2014, o prémio tem periodicidade anual e um valor pecuniário de 40 mil euros.
No seu discurso, o Presidente da República considerou que "o prémio Vasco Graça Moura perpetua uma certa memória da cultura e intervenção cultural, uma marca forte, uma personalidade".
"Se Eduardo Lourenço parece consensual e Graça Moura belicoso, talvez convenha relermos com atenção e sem preconceitos um e outro. Homens complexos, fascinantes, figuras da alta cultura, que nunca quiseram deixar de ser figuras da cidadania e que hoje homenageamos, na ausência muito presente de um e na alegria, no júbilo intenso da presença de outro", disse.