Meia centena de pessoas protestou, na noite de sexta-feira, no Dafundo, Oeiras, contra o encerramento da estação de correios da localidade, por considerar que vai prejudicar sobretudo os mais idosos.
No local, José Oliveira, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) disse à agência Lusa que os principais afetados pelo encerramento desta estação serão os idosos, que terão de se deslocar vários quilómetros para tratar de assuntos como pagamento de despesas e recebimento de pensões.
"Este é um bairro onde moram seis mil pessoas e muitas delas são idosas. Vão ter de se deslocar vários quilómetros, a Algés ou a Linda-a-Velha, e pagar as deslocações. Ora, as pessoas têm reformas baixas e mesmo assim vão ter de pagar", disse, adiantando que esta estação será encerrada nas próximas semanas.
De acordo com o sindicalista, os CTT pretendem encerrar cerca de 200 estações e postos de correios em todo o país, mas como este é um processo "que está a decorrer em segredo", o sindicato apenas detetou, até ao momento, cerca de 80.
"O encerramento destes 80 vai afetar um milhão de pessoas, imagine-se com os 200. Está tudo a ser feito em grande segredo. Aqui no Dafundo, soubemos há duas semanas porque fomos informados pela Junta de Freguesia da Cruz Quebrada", afirmou.
Contactada pela Lusa, fonte oficial dos CTT confirmou o encerramento do posto do Dafundo e a transferência dos serviços para os de Algés e Linda-a-Velha, situados a 1,5 e 1,6 quilómetros, respetivamente.
O encerramento da estação do Dafundo deve-se, explicou a mesma fonte, a uma redução da procura de 39,5 por cento em cinco anos, entre 2007 e 2011, segundo um estudo realizado pelos CTT.
Nesse período, “a estação de correio do Dafundo perdeu quatro em cada dez clientes e, por isso, nós fizemos uma análise da oferta tendo em conta aquilo que há nas proximidades”, referiu.
Mesmo com este encerramento, em todo o concelho de Oeiras os CTT vão, “ainda assim, manter uma malha muito densa de balcões: 13 estações de correios”, frisou a mesma fonte.
José Oliveira contestou ainda o facto de os funcionários dos CTT terem encerrado a estação de correios enquanto decorria o protesto.
"Não querem que as pessoas acedam ao livro de reclamações e por isso fecharam as portas", disse.
A maior parte da meia centena de pessoas que hoje protestaram em frente à estação de correios é idosa e contesta o facto de terem que resolver noutras localidades os assuntos que até à data tratavam nesta estação.
O septuagenário João Aguardela mora no Dafundo há 51 anos e afirmou à Lusa estar contra o encerramento da estação, uma vez que o vai obrigar a deslocações de vários quilómetros para fazer os pagamentos de água e luz.
"Isto mostra que os Correios de Portugal não têm consideração pela população mais idosa que precisa de tratar destes assuntos próximo das suas habitações. A maior parte ou vai a pé, ou tem de pagar as deslocações dos transportes públicos, o que é injusto", disse.
Outra moradora, Teresa Lapão, classificou como "injusta" a retirada dos serviços dos correios deste local, considerando que vai "dificultar a vida" às pessoas, sobretudo às mais velhas, que não têm outra forma de tratar do pagamento de despesas e de receber as suas pensões.