Para dar sequencialidade pedagógica aos alunos que transitam do 1.º Ciclo, a Escola EB2,3 Ferreira de Castro, em Mem Martins, inaugurou uma Unidade de Apoio a Alunos com Multideficiência. Para o efeito, o estabelecimento de ensino procedeu à adaptação de antigos balneários, num investimento estimado em cerca de 37 mil euros, dotando o espaço de todas as condições para dar resposta a alunos com necessidades educativas especiais.
Com capacidade para seis alunos, a nova unidade vai permitir que a de 1.º Ciclo, situada na vizinha Escola EB1/JI de Ouressa, possa receber novas crianças. Até ao momento, por ausência de alternativa, os alunos portadores de multideficiência eram obrigados a permanecer naquela unidade, mesmo em idades mais avançadas, a partir dos 10 anos. "Juntando o esforço da autarquia, o nosso e o do Ministério da Educação, conseguimos levar a cabo esta obra de adaptação dos antigos balneários para abrir esta unidade que vem dar resposta aos nossos meninos", salienta António Castel-Branco, director do Agrupamento Ferreira de Castro (AFC) que, nas suas diferentes escolas, acolhe 136 alunos com necessidades educativas especiais. Perante esta realidade, "o AFC tem a inclusão como um dos seus pontos fortes, quer no espectro do autismo, quer de crianças com Trissomia 21, quer com multideficiência mais pesada".
Com a unidade agora inaugurada, "os alunos podem entrar no Pré-Escolar ou no 1.º ano, com o apoio da unidade de 1.º Ciclo, e seguir até ao 9.º ano com o apoio da unidade agora inaugurada", salienta o director do agrupamento, que adianta que a nova unidade, além de apoio de quatro técnicos do CECD Mira Sintra, vai contar com duas professoras de Educação Especial e duas auxiliares de acção educativa.
Assunção Silva, coordenadora da Educação Especial do agrupamento, salienta a importância da nova unidade na escola-sede. "A nossa prática tem sido a de mantermos os alunos até aos 18 anos na unidade de 1.º Ciclo, ainda que tenham algumas actividades na EB2,3, mas, quando havia mau tempo, por exemplo, sentíamos algumas dificuldades", salienta esta docente, dando conta que assim se garante sequencialidade pedagógica aos alunos com idade para frequentarem o 2.º e 3.º Ciclos. "Abrimos, entretanto, lugar para outros alunos no 1.º Ciclo", salienta a docente.
A nova unidade vai ter equipamento adequado às necessidades dos alunos e mesmo uma Sala Snoezelen, "um espaço sensorial com estímulos visuais, estímulos auditivos, porque é muito através dos sentidos que conseguimos trabalhar com estes alunos".
Presente na inauguração, Carmen Duarte, presidente do CECD Mira Sintra, congratulou-se com a criação desta nova unidade, "uma necessidade crescente em todos os ciclos de ensino porque, segundo a legislação, as escolas de Educação Especial vão encerrar este ano lectivo, em Julho de 2013, e, portanto, todas as crianças vão para as escolas regulares". "Estas unidades fazem falta porque também não faz sentido que as crianças, já em idade de 2.º e 3.º ciclos, tenham de continuar em unidades de 1.º Ciclo", sublinhou esta responsável, que realçou "mais este passo, e um passo importante, para a inclusão das crianças com necessidades educativas especiais".
Para a concretização desta unidade, a Câmara de Sintra teve "uma comparticipação directa no valor de cinco mil euros", revelou Marco Almeida, vereador responsável pelo pelouro da Educação, que destacou a disponibilidade do director do AFC para reforçar o apoio na área da inclusão. "Gostava que este exemplo da Escola Ferreira de Castro fosse replicado noutros agrupamentos onde temos necessidade de ter unidades para dar resposta a crianças portadoras de deficiência", desafiou o autarca.