O candidato do PSD à Câmara de Oeiras, Francisco Moita Flores, renunciou na quarta-feira ao mandato de presidente da autarquia de Santarém, para o qual foi eleito, pela segunda vez, nas eleições autárquicas de 2009.
“Chegou a hora da partida, de entregar o testemunho de uma forma pacífica, sem turbulência eleitoral pelo meio”, disse Francisco Moita Flores à agência Lusa, sublinhando que sai “com uma grande emoção”.
Moita Flores lembrou que, logo quando tomou posse, anunciou que este seria o seu último mandato, tendo decidido sair a um ano das eleições por ter cumprido os projectos essenciais e ter chegado “o tempo de dar o lugar a outros”.
Em vésperas de lançar mais um livro, o escritor e ex-agente da Polícia Judiciária assumiu já a sua candidatura à Câmara Municipal de Oeiras, pelo PSD, tal como aconteceu em Santarém.
O convite, disse à Lusa, surgiu em Fevereiro, “na lógica de que o presidente Isaltino ia sair e que o PSD tem grandes responsabilidades em Oeiras” e na perspectiva de que era preciso “alguém que continuasse, num upgrade em relação à imensa obra que ele fez”.
Vendo-se, daqui a uns tempos, “a viver esse desafio com muito entusiasmo”, Moita Flores afirmou que a entrada na vida autárquica, em 2005, constituiu “um ensinamento muito grande”.
Esse passo na sua vida foi motivado pela vontade de “introduzir um novo discurso, uma nova linguagem, uma nova prática” no Poder Local, afirmou, acrescentando acreditar que conseguiu fazê-lo em Santarém.
“Quando queremos fazer, o Poder Local é o sítio onde é possível materializar o que pensamos”, afirmou.
Do que considera a vasta obra deixada em Santarém, Moita Flores aponta a “profunda reviravolta” feita nas escolas, a recuperação para a cidade das instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria, o investimento na recuperação dos espaços públicos e das igrejas.
Lembra ainda quando resolveu “utilizar a câmara de Santarém para enfrentar o Governo”, confrontando-o com as longas listas de espera com que os idosos com cataratas se defrontavam, organizando duas levas de gente para operar a Cuba.
“Valeu a pena, porque começaram a tratar os velhotes doutra maneira”, afirmou.
Da vivência por dentro do mundo autárquico, Moita Flores disse à Lusa ter percebido que é um “mundo do oito e do oitenta”, das “grandes obras e grandes criações”, mas também capaz “das maiores canalhices”.
Sobretudo, percebeu que “é preciso fazer um investimento muito grande na formação dos políticos”, porque “falta muito uma cultura de serviço público”.
Sobre o momento que o país vive, Moita Flores afirmou acreditar que “haverá quem consiga abrir novos caminhos, que não este do corte de empregos e da desvalorização do trabalho”, sublinhando que o mundo está a viver “a maior revolução desde a revolução industrial”, havendo uma grande incapacidade de perceber o “país real”.
Com a saída de Moita Flores, a presidência da Câmara Municipal de Santarém passa a ser de Ricardo Gonçalves, o nome já aprovado pelo PSD para liderar a candidatura autárquica ao município em 2013.