Moradores de Benfica exigem melhor acessibilidade à estação de comboios

Moradores da freguesia de Benfica, em Lisboa, vão protestar por melhores condições de acessibilidade à estação de comboios desta localidade, numa ação que se realiza na quinta-feira, às 17:00, para exigir um acesso a pessoas com mobilidade reduzida.
 
"Já houve um abaixo-assinado da população, já houve recomendações e moções em sessões de Câmara, mas os anos vão passando e estas pessoas continuam a não conseguir ter o direito à acessibilidade, que é um direito social que não se pode negar", disse à agência Lusa a presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Inês Drummond (PS), referindo que "apoia totalmente" esta ação de protesto organizada por moradores.
 
Os problemas de acessibilidade à estação de comboios de Benfica prendem-se com a falta de uma infraestrutura para garantir a mobilidade a pessoas em cadeira de rodas, pais com carrinhos de bebé e idosos, uma vez que "o único acesso à plataforma ferroviária, do lado do bairro do Calhariz, é feito por uma escadaria com mais de 40 degraus", afirmou a autarca.
 
Segundo Inês Drummond, a questão da acessibilidade só se tornou relevante a partir de 2006, quando a REFER -- atual Infraestruturas de Portugal - decidiu fechar o portão que dava acesso direto à plataforma, através do qual as pessoas com mobilidade reduzida podiam deslocar-se de um lado ao outro da estação através de rampas.
 
"Neste momento, uma pessoa com mobilidade reduzida tem que telefonar com uma semana de antecedência para que lhe seja aberto o portão para aceder diretamente à plataforma", referiu a autarca, considerando que "é um grave atentado aos direitos individuais".
 
A situação afeta não só os utentes do transporte ferroviário como os moradores do bairro do Calhariz de Benfica, que "para se deslocarem até ao centro da freguesia têm que passar pelo interior da estação", explicou Inês Drummond.
 
A Junta de Freguesia de Benfica tem vindo ao longo dos anos a exigir à REFER, agora designada como Infraestruturas de Portugal, que resolva o problema, "com a construção de um elevador ou através da abertura deste portão de acesso à plataforma, e até hoje não houve resposta", lamentou.
 
A autarca disse compreender os constrangimentos financeiros que possam existir para a construção de um elevador, porém não percebe a razão para a empresa afirmar que não é seguro ter o portão aberto, frisando que há várias estações em Lisboa em que as pessoas acedem diretamente à plataforma".
 
A empresa Infraestruturas de Portugal (IP) - à data REFER - afirmou à Lusa que promoveu, "em conjunto com a Câmara de Lisboa, a elaboração de um protocolo para a construção de um elevador de acesso à Estação Ferroviária de Benfica", de forma a garantir a acessibilidade aos cidadãos com mobilidade reduzida, remetendo a responsabilidade para a Câmara de Lisboa.
 
Em resposta à Lusa, a Câmara de Lisboa remeteu a sua posição para uma carta enviada hoje à Infraestruturas de Portugal, assinada pelo vereador do Urbanismo, em que explica que, em anteriores contactos com a REFER, a autarquia procurou encontrar uma solução para o problema, "nomeadamente através da reabertura de uma rampa de acesso à plataforma sul e de uma porta existente de acesso direto ao bairro".
 
Entretanto, "ambas [a rampa e a porta] foram encerradas, alegadamente, por questões de segurança e a sua reabertura não tem sido considerada viável pela REFER, dado ao investimento efetuado no sistema bilhética", adianta.
 
"Passou a considerar-se a hipótese de resolver o problema através da construção de um elevador, tendo a REFER enviado uma proposta à Câmara de Lisboa nesse sentido, mas da qual constava que o pagamento do mesmo seria suportado pela Câmara, o que não podemos aceitar por se tratar de uma responsabilidade exclusiva da REFER", lê-se na carta a que a Lusa teve acesso.
 
A Lusa contactou também a empresa CP - Comboios de Portugal que esclareceu que "as acessibilidades em estações são da responsabilidade da empresa gestora das infraestruturas -- Infraestruturas de Portugal".