Os Moradores do Bairro de Santa Filomena, Amadora, exigiram a suspensão do processo de demolição e de desalojamento do bairro, mas o presidente da câmara prometeu analisar a situação caso a caso.
Em maio, a vice-presidente da câmara, responsável pelo pelouro da Habitação Social, Carla Tavares, disse à Lusa que as demolição de barracas no bairro de Santa Filomena vão continuar até ao desmantelamento total do bairro, no âmbito do Programa Especial de Realojamento (PER), e que as famílias não inscritas no PER vão ter de encontrar “soluções alternativas” por si próprias.
Duas dezenas de moradores estiveram quinta-feira na Assembleia Municipal, onde disseram não ter condições para encontrar solução de habitação por sua conta.
"Este não é o momento para prosseguir com as demolições. A maioria das pessoas do bairro está desempregada", disse Domingas Pereira, moradora.
Raquel Gonçalves, da Plataforma pelo Direito à Habitação, disse que "é inaceitável que os moradores sejam expulsos" sem que lhes seja dada qualquer alternativa viável.
"O programa PER tem vários anos e está obsoleto. O desemprego no bairro é muito grande e moram ali muitas crianças e idosos", afirmou.
Raquel Gonçalves contestou ainda que a câmara tenha apresentado como alternativa a estes moradores o repatriamento ou o pagamento por parte da autarquia de três meses de renda, uma vez que os moradores não têm condições para apresentar fiadores.
Em resposta, o presidente da câmara, José Raposo, disse que a autarquia está a analisar "caso a caso" e que irá ajudar apenas as famílias que não têm possibilidades para alugar uma casa.
José Raposo negou que a câmara tenha dado como alternativa o repatriamento e adiantou que há casos de moradores que têm mais do que uma casa no bairro e que exigiram à autarquia, durante as negociações, que lhes cedesse mais do que uma habitação para saírem das casas onde estavam.
O autarca socialista alertou que a câmara vai, em primeiro lugar, encontrar soluções para os inscritos no programa PER, por se tratar de pessoas "a quem foram criadas expectativas ao longo de mais de duas décadas".
José Raposo referiu ainda que, face à crise que o país atravessa, há pessoas que não conseguem pagar as prestações aos bancos e que estão a ser obrigadas a deixar as suas casas, considerando que esta situação "não é justa".
Cerca de 50 moradores do Bairro de Santa Filomena, que estão contra a demolição de habitações que deverá acontecer no final do mês, invadiram na semana passada as instalações da Câmara da Amadora.
Alguns manifestantes contaram à Lusa que se registou uma agressão a três pessoas pela PSP, fora do edifício, mas que apenas uma foi transportada para o hospital.