A 21.ª Mostra de Teatro de Almada (MTA) irá juntar cerca de duas dezenas de grupos de teatro do concelho, para celebrar a dramaturgia de textos originais, em comunhão com clássicos de William Shakespeare e Bertolt Brecht.
A iniciativa vai decorrer de 03 a 19 de novembro, conta com um total de 25 encenações, acompanhadas de uma "Mostra.Ponto de Encontro", que tem por objetivo ser "um momento de convívio entre artistas e público", depois das representações no Teatro António Assunção, segundo o texto de apresentação hoje divulgado pela organização, que reúne a Câmara Municipal de Almada e grupos de teatro locais.
O Mercado Municipal da Trafaria irá também acolher 'memorabilia' reunida ao longo dos 45 anos do Grupo de Iniciação Teatral da Trafaria (GITT), tendo a oportunidade de expor "guarda-roupa, adereços cénicos, partes de cenário e material cénico", preservados até aos dias de hoje, e de exibir excertos das peças organizadas pelo grupo amador.
O espetáculo inaugural, "Rei Ubu", é uma representação do texto original do francês Alfred Jarry (1873-1907), no qual o protagonista é retratado como "uma personagem excessiva (...) que possui todas as qualidades necessárias ao exercício despótico do poder", fazendo-o "um objeto teatral versátil e perfeitamente atualizável" - numa era de "pós-verdade" -, em que "factos passam a ser menos decisivos do que (...) opiniões [e] a manipulação da informação é aceite por largas faixas da população", aponta a sinopse da programação.
Esta primeira apresentação será feita pelo grupo amador Teatro na Gandaia, dirigido pela atriz Ana Nave, no Teatro-Estúdio António Assunção.
A agenda da mostra prossegue com duas outras estreias, "Revolução no Frigorífico" - "uma peça infantil que aborda o tema da alimentação saudável de uma forma divertida, tanto para crianças como para adultos" - e "Escuta Aqui Meu Ladrão", que dá título a "uma comédia de Paulo Sacaldassy, com um final surpreendente", ambas por parte da companhia de teatro Cénico da Incrível Almadense, agendadas para dia 04.
O mesmo dia encerra com a adaptação da peça do autor britânico William Shakespeare "Sonho de uma Noite de Verão", numa versão conduzida por Luzia Paramés - do grupo Produções Acidentais -, com o objetivo de renovar o clássico da dramaturgia, no qual o sonho se funde com a realidade, através de elementos como "o amor, a comédia e uma áspera magia".
A partir do dia 05, surgem as representações guiadas pela dança, com "De Lés a Lés Saberás Quem És", da responsabilidade da atriz Ângela Ribeiro e da bailarina Susana Rosendo, e "Na Ausência do Meu Corpo", da associação cultural Marina Nabais Dança.
Entre os dias 07 e 10 de novembro, a Associação Cultural Artes e Engenhos proporciona a dois espectadores a possibilidade de assistirem à peça "Kaspar" (Peter Handke, 1967) "numa situação próxima à daquele elemento da equipa que, com o texto anotado, acompanha o ator" para o socorrer no caso de uma "aflição inesperada".
A experiência fica completa com uma instalação sonora da autoria do artista João Ferro Martins - "Intervalo" -, desenvolvendo uma peça que "dialoga com o interior do edifício teatral e com o espetáculo de auto teatro".
Até ao fim da MTA destaca-se, ainda, a encenação de uma "seleção de poemas e canções" do alemão Bertolt Brecht, sob o título de "Solilóquio de uma Atriz", com interpretação e direção de Isabel Leitão (Oficina de Teatro de Almada), e do conto "A Bela e o Monstro" (Jeanne-Marie Le Prince de Beaumont), adaptado por Diogo Novo, do grupo teatral Plateias D'Arte.
"Migrações" é o "título provisório" da última apresentação a entrar em palco, no dia 19, um "trabalho em processo" que narra "na primeira pessoa a vinda de Moçambique para Portugal" e as dificuldades que a mudança implica na tentativa de "erguer um sentido para o fluxo de palavras e de frases, num ritmo fora da área conversacional".
Rogério de Carvalho e Sandra Hung são os criadores deste "primeiro esboço" e representam a companhia de teatro Artes e Engenhos, que irá atuar e fechar a mostra onde esta começou, no Teatro-Estúdio António Assunção.
Organizada pela Câmara de Almada, com grupos de teatro locais desde 1996, a MTA envolve ainda companhias como Alpha Teatro, Actos Urbanos/Teatro de Areia e Teatro&Teatro de O Mundo do Espectáculo, EmbalArte, Grupo da Associação Cultural Manuel da Fonseca, Lagarto Amarelo, Ninho de Víboras, Novo Núcleo de Teatro, O Outro Lado, O Grito&Rugas, Oficina de Teatro de Almada, Teatro ABC.PI, Teatro Extremo e Teatro de Papel.