Movimento de cidadania contra construção de área comercial junto ao IC19, em Sintra

Os promotores de uma petição na internet contra a aprovação do Plano de Pormenor da Abrunheira Norte (PPAN), em discussão pública até sexta-feira, constituíram-se no Movimento de Cidadania "Não à Cidade Sonae em Sintra", anunciou fonte do grupo.
 
Segundo confirmou Catarina Pinto, arquiteta e promotora da petição "Exigimos que não seja permitida a construção da ‘cidade da Sonae' em Sintra", na internet (www.change.org), que já conta com 1866 subscritores, um grupo de moradores decidiu "criar um movimento de cidadania informal", para tentar travar mais uma grande superfície comercial junto ao Itinerário Complementar 19.
 
A proposta do PPAN prevê a construção em cerca de 70 hectares, no final do IC19 (Lisboa-Sintra), de uma área comercial da Sonae, serviços, hotéis, clínica privada e parque urbano e de lazer, a "Sintra dos Pequeninos", com miniaturas de monumentos da vila.
 
"Até que ponto para ir ao encontro dos interesses de um privado, que não visa o interesse público, está a ser feito um plano de pormenor que vai alterar naquela zona o plano diretor municipal?", questionou Catarina Pinto.
 
A moradora salientou que, na mesma zona, junto ao nó de Mem Martins do IC19, já está aprovada a construção de um hipermercado Jumbo, o que agravará as condições de circulação rodoviária, para além do impacte paisagístico para a serra de Sintra.
O Movimento de Cidadania "Não à Cidade Sonae em Sintra", em comunicado, congratulou-se com a recente aprovação, na Assembleia de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, de uma moção da CDU contra o PPAN, que apenas mereceu oposição do PS.
 
Alguns moradores, segundo o movimento, alertaram que a freguesia será das mais atingidas pelo projeto, nomeadamente em relação "ao enfraquecimento do comércio local e à problemática das acessibilidades rodoviárias".
 
O movimento vai continuar a recolher assinaturas, prevendo entregar na sexta-feira mais requerimentos endereçados ao presidente da câmara contra o PPAN.
 
Entre outras iniciativas, o movimento vai alertar as comissões nacionais da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e do Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) para os impactos do plano na paisagem cultural classificada como Património da Humanidade.
 
Apesar do prolongamento da discussão pública do PPAN, de 12 de dezembro para 09 de janeiro, Catarina Pinto lamentou a ausência de mais debates públicos sobre um projeto com "graves impactos" para as populações: "As pessoas não têm ideia do que aí vem".
 
O presidente da autarquia, Basílio Horta (PS), em declarações anteriores à agência Lusa, defendeu que o projeto da Sonae representa um investimento na recuperação de uma área degradada, que permitirá criar um "parque urbano com 20 hectares".
 
"Os sintrenses têm de escolher em consciência e nós depois temos de decidir, sempre ouvindo toda a gente. Se chegarmos à conclusão que nada deve ser feito ali, nada será construído", frisou Basílio Horta, salientando que o investimento de cerca de 125 milhões de euros vai "criar 1800 postos de trabalho".
 
A CDU de Sintra também se manifestou contra o PPAN, por entender que mais uma grande superfície junto ao IC19 constituirá um exemplo "de pesada densificação do tecido urbano do concelho".