Numa sala com lotação esgotada, a Assembleia Municipal de Oeiras discutiu hoje a funcionalidade do SATU, um metro de superfície não tripulado e que tem motivado várias críticas de munícipes, que não reconhecem utilidade àquele transporte.
Lúcia Carvalho reside na Tapada do Mocho, perto de uma das estações do SATU e vê aquele sistema como uma "pedra no sapato", pelo barulho e por ser um "prejuízo enorme".
"Se fosse uma coisa que estivesse a favorecer a população, nós até cedíamos por um bem maior, mas além do horário, do ruído, de não servir a ninguém, dá um prejuízo enorme que é pago por nós, contribuintes", afirmou.
Também Alda Matos, residente em Caxias, considerou o SATU uma "calamidade" e sublinhou os cerca de 26 milhões de euros de prejuízo acumulados desde 2004.
"Como é que gente com tanto gabarito intelectual continua com uma coisa destas? Queremos a suspensão disto", adiantou.
A mesma opinião teve Carlos Gaivoto, engenheiro na Carris, que chamou ao SATU um "erro a anular".
"É nítido pelas contas que está em falência técnica e o que eu aconselho é a suspensão da atividade do SATU", sugeriu.
Em resposta aos munícipes, o vice-presidente da Câmara de Oeiras, Paulo Vistas, anunciou que o executivo solicitou à administração do SATU e à administração da Teixeira Duarte, que detém 49 por cento da gestão da empresa, a suspensão do transporte, mas tal foi rejeitado pelo parceiro privado.
"Defendo que o SATU deve parar, porque não tem uma taxa de utilização que justifique os custos operacionais e esta posição já foi transmitida à administração do SATU e da Teixeira Duarte", afirmou Paulo Vistas.
No entanto, explicou o vice-presidente do executivo liderado pelo movimento independente Isaltino, Oeiras Mais À Frente (IOMAF), a intenção foi negada pela Teixeira Duarte e, por isso, "o SATU é para manter e melhorar a qualidade de vida dos munícipes".
Paulo Vistas anunciou que a proposta para financiamento através de fundos comunitários da extensão da ligação do SATU de Oeiras até ao Cacém, em Sintra, foi aceite pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que se comprometeu a financiar parte da verba.
Em informação enviada à agência Lusa em novembro, a administração do SATU adiantou que o novo corredor (Oeiras-Sintra) é uma "mais-valia", por vir a servir os parques empresariais do Lagoas Park e do Taguspark, onde trabalham mais de 16.000 pessoas, bem como os polos universitários do Instituto Superior Técnico e da Universidade Católica, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e os aglomerados populacionais de Paço de Arcos, Porto Salvo, São Marcos e Cacém.
Sobre a polémica gerada à volta do funcionamento do SATU, a líder do PS de Oeiras, Alexandra Moura, mostrou-se também a favor do encerramento daquele transporte e propôs a realização de um referendo local para decidir o futuro do sistema.
Também o Bloco de Esquerda, CDU e CDS-PP deixaram claro que não vão apoiar qualquer novo projeto do SATU.
Já o PSD, embora tenha reconhecido os problemas de funcionamento e custos do sistema, manifestou que "não se deve desistir" do projeto.
No atual trajeto de cerca de 1,2 quilómetros entre Paço de Arcos e o Oeiras Parque, o SATU regista uma média diária de 550 passageiros, segundo a administração da empresa.