Moradores e comerciantes desesperam pelo início de obra prometida ainda para este mês.
Apesar de prometidas para o início deste ano, ainda não há sinais das obras de construção da nova ponte que ligará Queluz (concelho de Sintra) e Amadora. A data para a conclusão da obra está, contudo, prevista para Abril. A população garante que aquela é uma via muito importante para o local e teme que as promessas não passem disso mesmo.
A ponte do século XVII que liga Queluz à cidade da Amadora, junto ao Lido, foi encerrada em Junho depois de diagnosticados danos na sua estrutura, pondo-a em risco de ruir. Com isto, milhares de automobilistas e moradores dos concelhos de Amadora e Sintra vêem-se impedidos de utilizar aquele trajecto, uma das principais ligações rodoviárias ao IC19. Como alternativa, os residentes locais têm de fazer agora um percurso de vários quilómetros para chegar ao outro lado da Ribeira de Carenque, que fica a escassos metros.
Arlindo José, residente em Queluz, adianta que “a volta de carro para a deslocação ao Hospital Amadora-Sintra é muito grande e demorada”, por isso prefere ir a pé. “É uma vergonha que dois municípios como Amadora e Sintra, onde reside muita gente, ainda não se tenham entendido para começar as obras”, lamenta este reformado dos caminhos- -de-ferro, acrescentando: “Para ir ao hospital é preferível ir a pé porque levo o mesmo tempo de carro”.
Para quem reside em Queluz, a entrada no IC19 ficava muito próximo da ponte. Agora, devido ao seu encerramento, a opção passa por um percurso com mais de três quilómetros e enormes filas de tráfego. “Para me deslocar ao meu trabalho, no Borel (Amadora), faço agora mais três quilómetros para voltar ao mesmo sítio e quando vou para Sintra só apanho o IC19 para lá do Palácio de Queluz. Este encerramento afecta não só os moradores da zona, mas também os de outras zonas de Sintra que tinham esta via como alternativa às longas filas do IC19”, reclama Alexandre Porfírio, morador em Queluz.
Também Maria da Piedade, moradora nas imediações da ponte, prefere fazer o trajecto a pé e refere que toda a zona está quase morta. “Via-se aqui muita gente, carros e autocarros, agora está tudo deserto”, afirma.
Por outro lado, são cada vez mais os estabelecimentos comerciais a fechar portas. Contam-se uma loja de colchões, um ‘stand’ de automóveis, uma papelaria e um restaurante. Os comerciantes da zona lamentam as quebras nas vendas devido ao afastamento das pessoas do local.
"Já não passa aqui ninguém. Antes os autocarros circulavam e dezenas de pessoas frequentavam o local. Depois do encerramento da ponte já muitos estabelecimentos encerraram portas", garante Bruno Araújo, comerciante, mostrando-se céptico quanto ao início das obras. “Já tentámos de tudo. Fizemos várias reclamações, na Junta de Freguesia e na Câmara, assim como para os órgãos de comunicação social. Já foram adiantadas várias datas para o início das obras, mas até agora ainda nada aconteceu”, lamenta o empresário que admite encerrar o café caso as obras não comecem em breve.
O início das obras de construção da nova ponte foi anunciado para Janeiro pelo vereador responsável pelas obras municipais da Câmara de Sintra, Luís Duque, em declarações à Agência Lusa.
Inicialmente, o município tinha previsto instalar uma ponte provisória, em terrenos militares, mas o preço cobrado pelo aluguer da infra-estrutura e do terreno obrigaram a Câmara a procurar outra solução.
"Não podíamos colocar uma ponte provisória pelo preço de uma nova. Este foi um projecto de urgência, sei que foi um incómodo para as pessoas mas foi o possível", explicou Luís Duque.
A nova ponte vai custar 441 mil euros e ficará apenas a dezenas de metros de distância da antiga, que permanecerá no local, sobre a ribeira de Carenque, mas apenas para circulação pedonal. Esta verba contempla ainda a reparação da estrutura da antiga ponte.