O Ministério da Administração Interna instaurou processos disciplinares contra nove elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), na sequência de incidentes ocorridos no Bairro da Cova da Moura, em fevereiro.
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) dá conta de que a ministra “determinou a instauração de processo disciplinar contra nove elementos da PSP e o arquivamento dos autos em relação a outros cinco elementos da PSP”.
“A senhora ministra da Administração Interna determinou, ainda, o prosseguimento dos autos como Inquérito para a identificação de outros elementos policiais envolvidos nos factos em causa e a aplicação da medida cautelar de suspensão preventiva, pelo prazo de noventa dias, a três dos elementos da PSP a quem foi instaurado processo disciplinar”, lê-se no comunicado.
Estas medidas surgem na sequência da instauração de um processo de inquérito, pela ministra Anabela Rodrigues, para apurar o que terá ocorrido a 05 de fevereiro de 2015, junto ao Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e que envolveu vários elementos da PSP, e, posteriormente, no episódio ocorrido na Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial, em Alfragide.
A decisão da ministra tem por base o relatório final apresentado pela Inspeção-geral da Administração Interna (IGAI) sobre os incidentes.
A investigação da IGAI foi anunciada três dias depois dos incidentes ocorridos, que levaram à detenção de seis jovens.
A 05 de fevereiro, cinco jovens, com idades entre os 23 e os 25 anos, foram detidos depois de, segundo a PSP, terem “tentado invadir” a esquadra de Alfragide, na sequência da detenção de um outro jovem, no bairro da Cova da Moura.
Segundo um ativista do movimento SOS Racismo, os cinco jovens tinham-se deslocado à esquadra de Alfragide para saberem da situação de um amigo que tinha sido detido no bairro da Cova da Moura, após ter sido revistado pelas autoridades.
No decurso da operação policial, a PSP "efetuou disparos" para tentar dispersar os moradores do bairro, que protestavam pela forma como trataram o jovem.
A versão da PSP é a de que, na sequência da detenção, os restantes jovens "tentaram invadir" a esquadra, tendo sido disparado um novo tiro para o ar. Foram detidos cinco elementos do grupo e os restantes fugiram.
O jovem que foi detido na Cova da Moura saiu em liberdade, depois de ouvido por um juiz, que obrigou o arguido a “apresentações periódicas”.