A empresa portuguesa Mobiag lançou um projeto de ‘carsharing’ em Lisboa, que visa oferecer um serviço de mobilidade urbana em rede assente na poupança em deslocações complexas, explicou à Lusa o criador do projeto.
João Félix, da start-up gestora deste sistema de aluguer de carros em rede, começou a pensar na potencialidade do ‘carsharing’ em 2009, altura em que verificou uma queda nas vendas de carros e constatou que as alternativas existentes no mercado não eram suficientes.
Idealizou um sistema de partilha de carros em que os veículos estão espalhados pela cidade e as pessoas os usam como se utilizassem o próprio carro, nomeadamente em deslocações complexas, durante as quais necessitam de ir a vários sítios, encontrando os carros perto de si e deixando-os onde já não necessitam deles.
Este sistema está ainda numa versão piloto, com a introdução de 40 carros tipicamente citadinos em Lisboa, cobrindo as principais zonas com empresas, de Entrecampos ao Chiado.
De acordo com João Félix, a ideia é expandir esta zona de operação, assim como aumentar a oferta de carros para 60 até ao final do verão e para 100 até dezembro.
Em termos de custos, “todos os carros do sistema são vendidos por 0,29 euros por minuto, com um máximo de 9,90 euros por hora”, valor no que inclui o estacionamento, o combustível e a manutenção, adiantou o responsável, frisando que este serviço representa, quando comparado com o táxi, uma poupança de 25% a 30% nas viagens mais curtas e de 75% nas que são mais longas.
Ainda assim, garantiu que os transportes públicos são um complemento ao ‘carsharing’, assim como a tendência de ‘carpooling’ (boleias), pois a seu ver a partilha de carros destina-se essencialmente a viagens dentro da cidade.
Já existiam sistemas semelhantes de ‘carsharing’, mas, segundo o representante, a diferença da rede da Mobiag é que é “100% comercial”, implicando um investimento menor por parte das operadoras.
“Vão aparecer três ou quatro operadoras, com 100 ou 150 carros [cada]. Em conjunto, temos uma rede de 600 carros, que é suficiente para cobrir” a cidade, esclareceu, acrescentando que um cliente pode usar todos os carros da rede, independentemente da sua operadora.
Quanto ao funcionamento, o utilizador acede à aplicação na Internet ou no ‘smartphone’, reserva o carro que está mais próximo, abre-o através do telemóvel ou com um cartão específico, encontrando a chave lá dentro.
Quando termina a viagem, coloca a chave no mesmo lugar e fecha a viatura, terminando a reserva a pagando apenas o tempo de utilização.
Numa tentativa de garantir o bom funcionamento, é feito um acompanhamento da utilização do cliente e quando existem danos no carro, o cliente seguinte faz um relatório. A rede conta ainda com um sistema de previsão que permite saber quantos carros vão faltar ou sobrar num determinado local.
Depois de passar por Lisboa, João Félix quer inovar o ‘carsharing’ no Porto e noutras cidades do país, ainda que noutros moldes.
O objetivo passa ainda por chegar a Espanha, ao Norte da Europa e à América do Sul. “O mercado caminha cada vez menos para a posse do carro e mais para a utilização do mesmo”, concluiu o CEO.
O 'carsharing' em Portugal em 2008, com um projeto em Lisboa da transportadora Carris, que em 2013 contava com uma frota de dez veículos e 250 clientes.