Oeiras: Centro do Cafeeiro produz plantas à prova de pragas

Poucos o sabem, mas Oeiras tem a maior plantação de café da Europa! Situa-se na Quinta do Marquês e ocupa meio hectare em estufas. Naturalmente, ali não se cultiva arábica ou robusta para produzir a revigorante bebida. Mas faz-se um trabalho que, desde 1955, tem sido essencial para manter muitos países produtores de café, desde o Brasil à Colômbia, passando pela Tanzânia ou Timor, a salvo de doenças que atacam em exclusivo aquele género de plantações, as principais das quais são a ferrugem alaranjada e a antracnose dos frutos verdes. Naquela época, temendo que o fungo que provoca a primeira daquelas maleitas (o Hemileia vastatrix) invadisse, também, o continente americano, os Estados Unidos investiram cerca de 116 mil dólares na construção das estufas em Oeiras para que ali fossem estudadas formas de combater aquela doença. De lá para cá, o Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) recebeu milhares de cafeeiros e juntou uma colecção única no mundo que será o maior pesadelo de qualquer agricultor deste sector: mais de 3000 amostras de ferrugem, que permitiram identificar 45 estirpes do Hemileia!
Num jogo de gato e rato entre fungos e humanos, os produtores de café ficaram a ganhar, prevenindo a dizimação das suas colheitas através de espécies mais resistentes e evitando, assim, o recurso à pulverização com pesticidas, técnica mais onerosa e, também, agressiva para o meio ambiente.
Tão ou mais espantoso do que o facto de Oeiras ter o maior cafezal da Europa – na verdade, só o é porque não há outros no continente europeu, exceptuando projectos de menor dimensão em França – é a constatação da dimensão planetária do serviço prestado pelo CIFC. “Mais de 90% das variedades de cafeeiro com resistência às principais doenças cultivadas a nível mundial foram obtidas a partir de estudos feitos directa ou indirectamente no nosso centro”, sublinha ao JR a sua directora, Maria do Céu Silva, lembrando as relações de cooperação com mais de 40 países cafeicultores.