A Câmara de Oeiras vai enviar, ainda durante o corrente mês, ofícios para os diversos ministérios com quem pretende retomar as negociações para concretizar a há muito ambicionada passagem para gestão municipal de património do Estado localizado no concelho, com destaque para o Paço da Quinta Real de Caxias e a antiga Estação Agronómica nacional.
A revelação foi feita, numa recente reunião da Assembleia Municipal de Oeiras, pelo próprio presidente da Câmara, que adiantou, a propósito, a sua convicção de que “neste momento, com o actual Governo, teremos as condições de ou assumir a gestão ou proceder à aquisição, naturalmente por preço justo” do património em causa.
No caso da Quinta Real de Caxias, onde a Câmara oeirense já investiu, segundo o edil, cerca de quatro milhões de euros para requalificação, “neste momento há uma espécie de limbo”, depois do fim do acordo que existia com o Ministério da Defesa, “mas a Câmara continua a fazer a conservação porque caso contrário voltava tudo à estaca zero”. Isaltino lembrou que o Estado quis vender aquele património, mas até hoje não houve compradores, “nem poderia haver porque fala-se num palácio, mas era apenas a residência de férias dos infantes (o palácio grande era em Queluz), é uma casa que tem cinco ou seis quartos, não dá para hotel”.
Recorde-se que, no âmbito dos planos de recuperação do jardim da Quinta Real de Caxias, foram reabilitados várias pequenos edifícios ali existentes, bem como um vasto conjunto de estátuas da autoria de Machado de Castro, que foram restauradas pelo professor Carlos Beloto, especialista que também liderou a recuperação da cascata monumental, para além de ter desenvolvido um intenso trabalho de investigação histórica, mormente documental, sobre a Quinta Real de Caxias.
De acordo com os planos da autarquia, no mandato anterior, pretendia-se dotar aquele espaço da capacidade de acolher espectáculos diversos (equestres, dança, etc), através da construção de bancadas (nas laterais da cascata) capazes de albergar algumas centenas de pessoas. Obras que se enquadravam num objectivo mais vasto de dinamização cultural e turística num eixo que incluiria, ainda, o Forte de São Bruno (que seria também alvo de importantes mudanças nos seus usos) e, a norte, a Igreja da Cartuxa.
Quanto à Estação Agronómica, que implica os ministérios da Agricultura e da Cultura, “é uma situação a que não podemos ficar indiferentes”, frisou o presidente da Câmara, reiterando a disposição de a autarquia “recuperar a Casa da Pesca e todo o património associado” (jardim, tanque e cascata), num conjunto mandado erguer pelo Marquês de Pombal depois do Terramoto de 1755 e que está classificado como Monumento Nacional. Apesar dessa classificação e da sua riqueza histórica e patrimonial, os espaços em questão têm estado em abandono e contínua degradação, mau-grado intenções, não concretizadas, quer de obras por parte do Estado, quer da transferência da sua gestão do Ministério da Agricultura para a Câmara de Oeiras.