As concelhias do PS e do PCP de Cascais acusaram hoje a Câmara Municipal (PSD/CDS-PP) de aumentar os encargos dos munícipes através do alargamento do estacionamento pago no concelho, medida que os dois partidos da oposição querem ver anulada.
Em comunicado, o PCP de Cascais considera que as alterações ao estacionamento, aprovadas pelo executivo de Carlos Carreiras, têm "consequências devastadoras para o comércio tradicional e vão levar à desertificação dos centros históricos das freguesias".
"É só mais um saque, a acrescentar aos roubos que os trabalhadores e que a população sofre nos seus salários e pensões. O PCP está a promover um abaixo-assinado" no sentido da "revogação deste regulamento de estacionamento pago", revelou a estrutura concelhia comunista.
O abaixo-assinado defende que "seja revogada a decisão do executivo da Câmara Municipal de Cascais de alargar as áreas de estacionamento pago no município, desafetadas das áreas onde o estacionamento tem sido gratuito" e que "a câmara seja instada a desenvolver uma política integrada de mobilidade dos munícipes, através de uma gestão eficaz do transporte coletivo rodoviário e ferroviário e, também, da construção de silos de parqueamento automóvel junto dos principais locais de destino dos automóveis dos munícipes, sobretudo junto aos centros das localidades e das estações de comboios".
Também o PS, em comunicado, manifestou o seu descontentamento com o novo regulamento de estacionamento.
A concelhia socialista considera que a proposta "não vem acompanhada de qualquer medida de fundo para melhorar os graves problemas dos transportes e do estacionamento no nosso concelho".
"Visa apenas aumentar a receita da [empresa municipal de mobilidade] Cascais Próxima, que é a beneficiária do pagamento dos lugares de estacionamento controlado", sustentam.
Esta proposta, acrescentam, é "contrária aos interesses dos cascalenses, porque não melhora o sistema de transporte dentro do concelho, não melhora o acesso às áreas comerciais, algumas delas completamente bloqueadas em matéria de estacionamento e não promove nem facilita o acesso dos cidadãos, incluindo turistas, às zonas históricas do concelho".
O PS defende que haja "um debate público urgente" sobre o transporte e estacionamento em Cascais e propõe que as duas primeiras horas de estacionamento sejam gratuitas nas zonas de comércio tradicional, com penalização das horas seguintes.
Além disso, sugerem criar parques periféricos de estacionamento gratuitos, com um serviço público de transporte para o centro de Cascais e ainda a instalação de painéis eletrónicos com a indicação dos parques de estacionamento existentes, bem como do número de lugares vagos em cada parque.
"Se estas medidas, entre outras, tivessem sido adotadas simultaneamente, então o alargamento do estacionamento controlado poderia fazer sentido", defende o PS de Cascais.
Contactado pela Lusa, o vereador responsável pela Cascais Próxima, Nuno Piteira Lopes, explicou que a medida de alargar o estacionamento pago visa "promover a baixa generalizada do preço do estacionamento para todos os munícipes".
"Dirão que essa baixa de preços é motivada pelo alargamento do estacionamento pago? Verdade. Mas para que todos paguem menos, alguns têm que pagar alguma coisa", justificou o vereador.
Sobre as acusações dos socialistas, Nuno Piteira Lopes disse que "no PS, há várias verdades sobre o mesmo tema".
"O que parece constante, é a vontade do PS, qualquer que ele seja, de fazer uma política do bota-abaixo", concluiu.