A reação das forças políticas da oposição autárquica em Oeiras à suspensão do mandato de presidente da Câmara por Isaltino Morais vai do silêncio à afirmação do fim do “isaltinismo”, passando pela tranquilidade com o futuro imediato.
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, detido desde quarta-feira no estabelecimento prisional da Carregueira, em Sintra, pediu a suspensão do mandato de presidente do município, afirmou na sexta-feira à Agência Lusa o vice-presidente, Paulo Vistas.
A socialista Alexandra Moura disse à Agência Lusa que não comenta a decisão; Alexandre Luz, do PSD, entendeu que revelou bom senso; o centrista Paulo Freitas do Amaral confessou-se surpreendido e expectante com a próxima Assembleia Municipal que vai discutir a situação; Amílcar Campos, da CDU, considerou a situação previsível e sem problemas para a Câmara ou para a população, e Miguel Pinto, do Bloco de Esquerda, aludiu ao fim do ‘isaltinismo’.
A divergência maior na leitura feita sobre a decisão de Isaltino Morais centra-se nos efeitos sobre a autarquia.
Enquanto Amílcar Campos (CDU) considerou que a substituição do presidente da Câmara está prevista na lei, e que da situação “não há prejuízo para a população nem para a Câmara, só para o próprio”, Paulo Freitas do Amaral (CDS) exprimiu a sua preocupação com a governabilidade da autarquia, que diz depender de quatro vereadores.
Alexandre Luz (PSD) disse entender que a decisão de suspender – e não de renunciar - o mandato não passa a presidência para Paulo Vistas, que se mantém como vice-presidente, prometendo, à semelhança do CDS, uma posição mais desenvolvida depois de analisar os termos exatos da suspensão.
O bloquista Miguel Pinto classificou a decisão de Isaltino Morais como “um ato natural”, entendendo que “o isaltinisno acabou”, uma vez que está convicto de que “Paulo Vistas não vai ganhar as eleições” autárquicas em outubro.
Para o futuro, o Bloco de Esquerda julga necessário fazer uma auditoria à Câmara, uma vez que, justificou Miguel Pinto, “a situação financeira está encoberta e há muita dívida não contabilizada nos relatórios e orçamentos”.
Ao problema financeiro, acrescentou os problemas nos bairros sociais, que classificou como “enormes”, particularizando com a inserção social, a frequência dos jardins infantis e a percentagem de desempregados.
Para o futuro imediato, Amílcar Campos (CDU) recordou que sempre disse que a saída de Isaltino, “em consequência da execução da pena, não iria provocar qualquer transtorno nos serviços e funcionamento da Câmara”, uma vez que “existe competência instalada para dar continuidade à missão que um serviço municipalizado tem de cumprir”.
Sem comentar o caso, os socialistas dizem ter apenas como única preocupação “garantir que a transição que se dará em outubro de 2013 seja tranquila e garanta coesão social e territorial”.