PS e PSD esperam destronar a CDU da Câmara de Almada nas próximas eleições autárquicas, tirando partido da saída obrigatória da presidente Maria Emília de Sousa, mas até agora só foi anunciada a candidatura socialista de Joaquim Barbosa.
"A minha ligação à Misericórdia é um exemplo da minha vida associativa. Já fui vice-provedor e agora sou provedor da Misericórdia de Almada, de onde nunca recebi o que quer que seja", disse à Lusa o candidato socialista.
Embora reconheça que a saída de Maria Emília de Sousa pode ser uma vantagem para os partidos da oposição, Joaquim Barbosa afirma que espera merecer a confiança da população de Almada, não pela ausência de ninguém, mas por aquilo que tem feito ao longo da vida e pela confiança que lhe queiram dar no trabalho que se propõe desenvolver no concelho.
Tal como os socialistas, o PSD também vislumbra uma oportunidade de ganhar terreno nas próximas eleições autárquicas em Almada, tirando partido da saída de Maria Emília de Sousa, que, enquanto presidente de Câmara, já cumpriu os três mandatos consecutivos que a legislação permite.
Para o presidente da concelhia social-democrata, Nuno Matias, está criado um cenário que não permite antever um resultado final, uma vez que - acredita o dirigente local do PSD - "Maria Emília de Sousa tinha uma base de apoio superior à da própria CDU".
"É uma oportunidade. É para aproveitar essa oportunidade que estamos a construir uma alternativa credível", disse à Lusa Nuno Matias, assegurando que, neste momento, ainda não há nenhuma decisão sobre o futuro candidato do PSD à presidência da Câmara de Almada.
Nuno Matias não quis confirmar o nome de nenhum dos potenciais candidatos social-democratas, mas outras fontes disseram à Lusa que há três nomes prováveis: Jorge Pedroso de Almeida, atual vereador na Câmara Municipal, António Neves, presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, e o próprio Nuno Matias, presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Almada.
Atento às movimentações do PS e PSD está o responsável concelhio do PCP, João Armando, que nada diz quanto ao candidato a designar pela CDU para tentar manter a liderança comunista no concelho.
"Essa discussão está a ser feita no seio dos organismos do partido, disse à Lusa João Armando, reconhecendo que a saída forçada de Maria Emília de Sousa abre uma nova linha de argumentação para os principais partidos da oposição no concelho de Almada.
"Mas há quatro anos diziam que íamos ser penalizados por insistirmos na candidatura de Maria Emília de Sousa", lembrou o dirigente comunista.
Quanto a potenciais candidatos, João Armando admitiu que os atuais vereadores José Gonçalves e António Matos podem ser alguns dos nomes, mas assegurou que há outras possibilidades a serem discutidas no seio do PCP, principal força política que integra a CDU.
E quando perguntamos se uma eventual candidatura do vereador António Matos poderia ser prejudicada por se tratar de um independente, João Armando respondeu com a frase célebre do antigo líder comunista Álvaro Cunhal, num debate televisivo com Mário Soares: "olhe que não, olhe que não".
O executivo da Câmara Municipal, de maioria comunista há mais de três décadas, tem atualmente cinco eleitos da CDU, três do PS, dois do PSD e um do Bloco de Esquerda.