Ordem dos Engenheiros quer alternativas ao Barreiro para novo terminal de contentores

A Ordem dos Engenheiros alertou o Governo para a necessidade de serem analisadas alternativas ao Barreiro enquanto localização do novo terminal de contentores da Grande Lisboa, afirmando não compreender como é que Setúbal está excluído dos estudos.
O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, colocou reservas à localização do Barreiro, desde logo por ser necessária uma obra marítima que obriga a um grande volume de dragagens e também o problema dos solos contaminados, o qual classificou de “caro e complexo”.
Referindo que não cabe à Ordem pronunciar-se sobre qual a melhor localização, o bastonário disse que o assunto “merece uma análise detalhada e uma avaliação, técnica, económica, financeira e ambiental” que conduza a uma correta decisão política.
“Não se pode tomar uma decisão política sem uma avaliação técnica, financeira e ambiental que permita uma justificação do investimento”, frisou.
“Qualquer localização de um terminal na margem sul tem logo um problema que é ter que transportar 71 por cento da mercadoria para o norte [do país]”, alertou durante um encontro com jornalistas, que decorreu em Lisboa.
“Mas não havendo terceira travessia do Tejo qual a vantagem [do Barreiro] relativamente a Setúbal?, questionou, referindo que “as infraestruturas no Barreiro são extremamente caras”, enquanto Setúbal “já tem infraestrutura e deve ser avaliado como um porto da área metropolitana”.
Questões que a Ordem dos Engenheiros gostava de ver discutidas e para as quais elaborou, em 2012, um documento orientador para investimentos públicos, que entregou a este Governo, mas para o qual não obteve resposta.
Como vantagem da localização do Barreiro, o bastonário salientou o contributo para a resolução do problema social do desemprego naquela zona.
A Ordem dos Engenheiros conta obter algumas respostas às suas preocupações esta tarde durante uma conferência para a qual convidou o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro.
O governante disse na semana passada que o executivo deverá decidir em março a localização do terminal de contentores da região de Lisboa.
"O Barreiro, se for viável, e os agentes económicos continuarem interessados no terminal, avança. Se não for viável ou os agentes económicos não estiverem interessados, não avança", afirmou Sérgio Monteiro no dia 29 de outubro.
O membro do executivo declarou ainda que "outras localizações vão sendo afastadas".
"Não há sinal até agora de que há desconforto sobre a localização Barreiro. Do ponto de vista de atravessamento do canal, os agentes preferiam a Trafaria, mas o Barreiro reúne mais consenso porque a autarquia quer o investimento. Depois, temos menos investimento no caminho-de-ferro. No caso da Trafaria era preciso construir linha, cujo custo estimado seria de 160 milhões de euros", disse o secretário de Estado.