Umas dezenas de pais, professores e alunos protestaram hoje de manhã em frente à Escola Secundária de Ferreira Dias, em Agualva, Sintra, contra o adiamento das prometidas obras de requalificação daquele estabelecimento de ensino.
"A escola Ferreira Dias tem estado os últimos oito anos à espera de uma intervenção", explicou à Lusa o coordenador da Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEE), Álvaro Silva, acrescentando que "foi apresentada uma maqueta muito bonita" pela Parque Escolar, mas as obras "ficam sempre para depois".
Um grupo de pais, alunos e professores concentrou-se, a partir das 08:00, em frente à escola, empunhando cartazes onde de podia ler "Pela requalificação da Ferreira, uma escola de qualidade exige instalações de qualidade" e "queremos uma escola segura".
Enquanto os alunos entravam para o início das aulas, o dirigente da APEE apontou como principais problemas as salas de aula "em muito mau estado", a "falta de condições" da sala de professores, as "infiltrações de água pelo telhado" e "partes da escola que já têm abatido".
"Não se podem estar a brincar com vidas humanas, porque, de um momento para o outro, pode acontecer qualquer coisa", alertou Álvaro Silva, acrescentando que a maioria dos espaços para a prática desportiva está vedada devido ao risco de abatimento do piso.
O representante dos pais salientou que a Ferreira Dias é "uma escola de excelência" e que a direção do estabelecimento "tem feito tudo o que é possível para andar a tapar buracos e a pôr remendos", bem como o conselho-geral, mas nada se resolve.
"Uma escola não é propriamente um armazém de paletes empilhadas, é um espaço de vivências e de vidas humanas e nós estamos hoje aqui a denunciar uma situação que põe em risco as vidas humanas", frisou a presidente do conselho-geral da Ferreira Dias, Ana Paula Cunha.
A docente justificou o protesto por se ter "esgotado a paciência" pela demora no arranque das obras, levando a que "as patologias estruturais que a escola apresenta se vão acentuando".
O estabelecimento de ensino, na zona baixa de Agualva, junto à linha ferroviária de Sintra, tem perto de 60 anos e possui cerca de 2.000 alunos, duas centenas de professores e quatro dezenas de funcionários.
A presidente do conselho-geral adiantou que o Ministério da Educação e Ciência respondeu, já depois de ser informado do protesto, que "a escola é prioritária", o que a comunidade escolar "já sabe há dez anos".
A Câmara de Sintra já se disponibilizou para avançar com a reparação "do aqueduto subterrâneo" em que assenta o estabelecimento, mas aguarda por informações do ministério sobre as restantes intervenções, revelou Ana Paula Cunha.
Pouco depois da entrada dos alunos para a primeira aula, o grupo de protesto foi engrossando e, para além de cartazes a reclamarem pela requalificação e para os riscos de abatimento iminente do piso, os manifestantes mais novos fizeram-se ouvir com apitos e exigências de "uma Ferreira melhor".
"As casas de banho não têm condições, qualquer dia vamos ter de vir com guarda-chuvas para dentro da sala de aula, o que é triste e acaba por ser irónico, por vezes passamos frio", descreveu José Aragão, da Associação de Estudantes da Ferreira Dias.
O estudante alertou para a necessidade de reparação das estruturas da ribeira sob o estabelecimento e, pegando no caso de um colega que se aleijou no recinto desportivo, questionou se será preciso "acontecer a mil para que façam alguma coisa".