Parque da Pena distinguido como 'Jardim de Camélias de Excelência'

O Parque da Pena (Sintra) recebeu, na passada sexta-feira, em Pontevedra (Espanha), a distinção de “Jardim de Camélias de Excelência” pela International Camellia Society (ICS), durante o Congresso bianual desta associação. Esta distinção, de que não havia ainda qualquer exemplo em Portugal, torna o Parque da Pena membro de uma rede internacional de jardins de excelência no que se refere à sua coleção de Camélias.

 

Trata-se de um grupo restrito, tendo em conta a exigência dos critérios de seleção, que, até à passada sexta-feira, incluía apenas 30 representantes em todo o mundo (dos quais apenas um em Espanha). Os requisitos para ser aceite nesta listagem envolvem a existência de uma coleção de camélias com mais de 200 cultivares identificadas com sinalética apropriada e mapeadas com sistemas de georreferenciação, num jardim aberto ao público com um grau de manutenção elevado. São ainda critérios para a distinção o desenvolvimento de programas de investigação sobre a coleção de Camélias e a realização de atividades de divulgação e promoção, quer das Camélias em geral quer da coleção presente no Jardim (como a Exposição anual de Camélias em Sintra, promovida pela Parques de Sintra).

 

O processo que conduziu a este resultado teve início em 2009, quando a Parques de Sintra lançou o projeto de recuperação e identificação botânica das Camélias do Parque da Pena, com o apoio da Associação Portuguesa de Camélias, de produtores e especialistas (Sr. António Assunção e Prof. Armando Oliveira). Em 2013, após a conclusão de várias fases do projeto, entre as quais a recuperação do Jardim da Condessa d’Edla (2011), da Feteira da Rainha (2013) e do Jardim das Camélias (2013), foram analisados os requisitos para o envio da candidatura e a Parques de Sintra considerou que estes já se encontravam reunidos.

Depois de aceite numa fase inicial, a análise da candidatura implicou ainda a visita ao local por parte de um elemento da International Camellia Society, o que ocorreu a 4 de Março de 2014, com a vinda a Sintra de Patricia Short, Presidente da Associação.

Por último, durante o Congresso bianual, que este ano se realizou em Pontevedra de 11 a 15 de março, a candidatura foi avaliada por um painel de especialistas, Presidentes das várias associações nacionais de Camélias e membros da ICS por inerência, seguindo-se a deliberação, no dia 14.

Além do Parque da Pena, este ano houve também outra classificação para Portugal, - o Parque Terra Nostra (nos Açores), bem como de 13 outros jardins de Camélias noutros países.

 

Projeto de identificação botânica de Camélias do Parque da Pena

O projeto da Parques de Sintra para a identificação botânica das Camélias do Parque da Pena, que levou a esta classificação como Jardim de Excelência, vem sendo desenvolvido desde 2009 com o apoio da Associação Portuguesa de Camélias e de especialistas em camélias (Prof. Armando Oliveira e Sr. António Assunção, dos Viveiros Flavius). Os objetivos principais consistem na preservação do valor patrimonial e cultural da coleção desta espécie em Sintra, bem como na sua promoção e divulgação.

O projeto implica o estudo, classificação e recuperação da extensa coleção, que inclui 2.258 exemplares concentrados principalmente em quatro locais do Parque da Pena: Jardim das Camélias, Jardim Rainha D. Amélia, Jardim da Condessa d’Edla e Alto do Chá. Atualmente estão identificadas 285 cultivares, pertencentes a 5 espécies diferentes: Camellia japonica, Camellia reticulata, Camellia sasanqua, Camellia sinensis e Camellia rusticana.

Este estudo materializou-se através da colocação de placas de identificação botânica nas cameleiras já estudadas, o que permite aos visitantes disfrutar destas flores conhecendo o nome da espécie, a cultivar a que correspondem, a sua origem e ainda a descrição da flor de acordo com o registo internacional de camélias disponibilizado pela International Camellia Society.

As diferentes plantas estão também marcadas através de um Sistema de Informação Geográfica, que permite aos técnicos saber exatamente onde está cada espécie e as informações relativas à mesma (etiquetas com códigos de barras, que possibilitam a identificação na base de dados).

No entanto, o projeto da Parques de Sintra não está ainda terminado, na medida em que se dará continuidade aos trabalhos de identificação de cultivares e se valorizará a coleção existente, através de intervenções de restauro do Alto do Chá e do Jardim Rainha D. Amélia, projetos que já se encontram em desenvolvimento. Paralelamente, está também em curso a conservação da coleção de camélias do Parque através de intervenções de manutenção das cameleiras, para estimular o deu desenvolvimento e floração, e a reprodução das cultivares por forma a garantir a perpetuação das mesmas no parque.

 

 

Combate à sazonalidade das visitas ao Parque da Pena

Esta classificação vem apoiar a Parques de Sintra no combate à sazonalidade das visitas aos Parques, que habitualmente têm o seu ponto alto nos meses de verão.

O período de floração das Camélias é no Inverno (entre Setembro e Abril) e, portanto, é nessa época que as Cameleiras estão mais bonitas, adornando o Parque com as suas cores, não só na árvore como nos caminhos que ficam cobertos de pétalas. Assim, o reconhecimento da singularidade e qualidade das Camélias do Parque da Pena representa uma ferramenta importante para atrair visitantes durante os meses menos quentes.

Fonte: PSML

Fotos: Jonas Tavares e Nuno Oliveira