A empresa responsável pelo projeto de partilha de bicicletas entre Santa Apolónia (Lisboa) e Algés (Oeiras) queixa-se de estar a sofrer “prejuízos avultadíssimos”, face à falta de título definitivo de concessão da atividade.
A SlowFastcycles atribui a responsabilidade pelo atraso à Administração do Porto de Lisboa (APL), tendo já iniciado um “processo legal” para exigir a emissão do documento.
A empresa apresentou um requerimento na APL a “pedir, através dos advogados, que seja dada uma resposta, dentro dos prazos previstos por lei” e vai “continuar com esse processo legal enquanto não houver uma resposta satisfatória”, disse à agência Lusa um dos sócios da empresa.
Martim Mayer explicou que o início do projeto estava previsto para 21 de março na área junto ao rio Tejo, numa “zona de lazer, de turismo e com excelente valor publicitário" gerida pela APL.
A empresa solicitou em 2013 a concessão e a APL lançou um concurso público, ganho pelo único concorrente, a SlowFastcycles, que iniciou então o “trabalho de detalhe” e pediu análises a especialistas de áreas como segurança, canalização e sistema elétrico para “validar o projeto”.
O trabalho no terreno prolongou-se entre agosto e novembro de 2013 e com um “envolvimento enorme com a APL”.
O departamento da APL responsável pelas concessões garantiu estarem reunidas as condições para atribuir o título, pelo que, em meados de dezembro, apenas faltava a ratificação do Conselho de Administração da APL.
“Algo que não teria motivos para demorar mais de uma semana, até agora ainda não no foi entregue. Porquê? Não sei”, disse o sócio da empresa à Lusa.
“A APL foi dizendo que podíamos avançar com as encomendas (de matéria prima) porque o título não iria demorar mais que uma semana e na semana seguinte era dito o mesmo”, lamentou.
Martim Mayer revelou enfrentar “prejuízos avultadíssimos”, recordando que o sistema foi pensado para ser lançado no início da primavera, por o uso da bicicleta ser “altamente sazonal” e que os “primeiros seis meses tivessem um nível de receitas forte” numa “época mais valorizada pelo próprio sponsor (patrocínio), que está informalmente fechado”.
O empresário considerou valer a pena avançar com a concessão prevista porque o plano de negócio “é de longo prazo”, por ter um produto que quer vender para outras cidades do mundo.
”Este é o primeiro projeto de muitos que queremos fazer, seja como concessionários, seja como parceiros de municípios ou como meros fornecedores do produto”, salientou o Martim Mayer, referindo o projeto de ligar a zona do Parque das Nações ao Guincho, além de a empresa ter a concessão na “outra margem do Tejo, de Vila Franca até Porto Brandão”.
Como características diferenciadoras do produto, Martim Mayer enumerou a “experiência muito agradável" para qualquer pessoa, a possibilidade de o veículo ser elétrico e o design, que “tentou capitalizar ao máximo o valor para a publicidade”.
A Lusa tentou obter um comentário da APL às acusações da SlowFastcycles, sem sucesso até ao momento.