Passos Coelho marca Avante

O anúncio do primeiro-ministro, na sexta-feira, sobre novas medidas de austeridade para o sector público e privado marcou a Festa do Avante, que mais uma vez recebeu milhares de pessoas. As críticas ao Governo de Pedro Passos Coelho e às medidas da troika ouviam-se em cada espaço da festa e eram tema de conversa até nos transportes públicos para a Quinta da Atalaia.

Cartazes com frases de protesto circulavam pelo recinto e nos palcos os próprios artistas expressavam a insatisfação contra o aumento do desemprego e do aumento dos descontos para a Segurança Social, agora anunciados. E as críticas aumentaram depois da mensagem de Pedro Passos Coelho, às 0h16 de domingo, no Facebook. O líder do governo afirmava que escrevia não como primeiro-ministro mas como “cidadão e como pai”, tentou explicar a necessidade dos “sacrifícios” que anunciou ao fim da tarde de sexta-feira, mas a Festa do Avante não lhe perdoou.

Adivinhava-se já que o discurso do secretário-geral do PCP no encerramento da Festa do Avante, no domingo, não seria meigo para Passos Coelho nem para o governo, e Jerónimo de Sousa alinhou as suas palavras nesse sentido. “Com este governo, nem fim da crise, nem fim do regabofe”. E acrescentava que depois de um ano “doloroso de sacrifícios para trabalhadores e reformados (…), nem um só problema do país resolvido”.

Para o líder comunista o discurso de sexta-feira do primeiro-ministro sobre mais medidas de austeridade “ultrapassou todos os limites da desfaçatez e do cinismo”. E alertava que Passos Coelho “não disse tudo acerca das medidas que estão a ser congeminadas contra os trabalhadores e contra o povo”. Ou seja, antevê que haverá mais apertar de cinto para além da subida dos descontos da Segurança Social de 11 por cento para 18 por cento.

Ao que parece, o que Jerónimo de Sousa não esperava era a mensagem de Passos Coelho no Facebook e terá ajustado o discurso para não a deixar passar em branco. Na página pessoal Passos Coelho fala como cidadão e como pai e o secretário-geral do PCP comenta: “está a tratar do futuro dos seus filhos, mas está a prejudicar o futuro dos filhos dos portugueses”.

E cada vez que citava o nome do primeiro-ministro, a multidão que enchia o recinto do palco25 de Abril da Festa do Avante explodia com uma vaia. E terá mesmo apanhado Jerónimo de Sousa de surpresa quando começou a gritar “gatunos, gatunos”. O líder comunista reagiu” "Essa é uma palavra forte, mas cabe a Passos Coelho dizer que não se justifica por que isto é um roubo, um roubo descarado aos trabalhadores portugueses".