A vereadora Madalena Castro está sem pelouros desde o passado dia 27 de Fevereiro, data do despacho assinado pelo presidente da Câmara, em que, com efeitos imediatos, Paulo Vistas assumiu todas as competências até então delegadas na vereadora.
Foi o culminar de um processo ainda não totalmente esclarecido, mas que ter-se-á precipitado com o pedido de demissão do director do Departamento de Obras Municipais (DOM), Nuno Vasconcelos, em meados do mês passado. Na base desta demissão, que não foi aceite pelo presidente da autarquia, estará o acumular de situações de “insatisfação” quanto ao funcionamento daquele departamento, um sentimento que, de acordo com a justificação apresentada pelo gabinete da presidência de Paulo Vistas seria “generalizado” aos técnicos e dirigentes do DOM.
Segundo informações vindas a público, reiteradas ao JR por fonte da assessoria de imprensa, haveria “queixas constantes” e um ambiente de “grande descontentamento” nos serviços tutelados por Madalena Castro, uma situação que se vinha agravando. De acordo com a mesma fonte, perante o pedido de demissão do director do DOM, o presidente da Câmara tentou “durante uma semana e por todos os meios” chegar ao contacto com a vereadora, sem sucesso. Pelo meio, a presidência terá recebido uma carta endereçada por Madalena Castro comunicando “que não estava disponível para qualquer alteração aos pelouros que detinha”. Seguiu-se a retirada de pelouros por parte de Paulo Vistas, mantendo-se Nuno Vasconcelos como director do DOM.
Recorde-se que a vereadora, que integra executivos da Câmara de Oeiras desde 2005 e era a segunda na lista vencedora nas últimas autárquicas pelo movimento independente Isaltino Oeiras Mais à Frente (IOMAF), detinha os pelouros das obras municipais, trânsito e transportes, espaços verdes, iluminação pública e controlo das intervenções dos concessionários de serviços públicos. Por seu turno, Paulo Vistas era, até agora, directamente responsável pelo Planeamento e Gestão Urbanística, Habitação e pelo Departamento da Polícia Municipal.
O JR tentou contactar com os principais envolvidos neste processo, mas as tentativas foram infrutíferas. O presidente da Câmara esteve em Timor nos últimos dias, de onde o seu regresso estava marcado para esta terça-feira (dia 10). Se não houver, entretanto, novos desenvolvimentos, a situação deverá ser mais cabalmente esclarecida na próxima reunião de Câmara, agendada para quarta-feira, dia 18. Até lá, inevitavelmente, ficam a pairar no ar dúvidas sobre a coesão do executivo oeirense e a respeito da eficácia de funcionamento de alguns dos mais importantes departamentos da Câmara.
Jorge A. Ferreira