A Câmara da Amadora quer adquirir o espólio da Associação Académica da Amadora (AAA), que vai a leilão na quarta-feira, mas a autarquia não vai licitar os pavilhões gimnodesportivos da Reboleira, que têm de manter uso desportivo.
"O PDM [Plano Diretor Municipal] não permite uma mudança para outros usos e qualquer aquisição vai ter de manter a utilização desportiva", explicou à agência Lusa a presidente da autarquia, Carla Tavares (PS), acerca dos pavilhões da AAA.
Os vereadores da CDU no executivo, Francisco Santos e Sónia Baptista, propuseram a compra pelo município dos pavilhões desportivos, com base de licitação de 1,9 milhões de euros, iniciativa recusada pelo PS, com abstenção do PSD.
A insolvência da AAA, para os autarcas comunistas, "constitui mais um rude golpe no movimento associativo da Amadora" e "uma perda incalculável" ao apoio da prática desportiva no concelho".
A venda dos dois pavilhões gimnodesportivos não garante que se mantenham ao serviço da população, uma vez que não se conhece qualquer coletividade que possa assegurar a aquisição e manter a utilização dos equipamentos, lê-se no documento.
Segundo a leiloeira, vão ser colocados à venda dois pavilhões gimnodesportivos, com um total de 5.805 metros quadrados (m2), dos quais 3.615 de área coberta, pelo preço base de 1.981.910 euros.
O leilão do processo de insolvência da AAA inclui ainda um edifício com 676 m2 de área coberta, composto por sala de bingo e escritórios, por 870.540 euros, três viaturas, por 3.750 euros cada, e um lote de taças e troféus, pelo valor base de 1.000 euros.
Na última Assembleia Municipal, na intervenção do público, um elemento da JSD local questionou o executivo sobre o que tencionava fazer "quanto ao espólio" da AAA, parte das "conquistas" do esforço de muitos munícipes.
"Aqueles pavilhões também são património e também são memória da cidade", defendeu o deputado municipal Carlos Almeida, da CDU, acrescentando que "o pavilhão mais antigo, apesar de alguns problemas, tem um piso que é considerado, por técnicos de desporto, dos melhores do país".
A presidente da autarquia explicou que está a "diligenciar para que a Câmara da Amadora esteja presente no leilão, para poder adquirir o espólio da Associação Académica da Amadora, uma vez que vai ser leiloado à parte".
Em relação aos pavilhões, apesar "do enorme valor sentimental" que lhes reconhece, Carla Tavares esclareceu que "a Câmara não os pode comprar para os manter fechados", por "terem de funcionar sete dias por semana" e não existirem recursos humanos disponíveis.
A autarca avisou que não será emitida licença de utilização ao equipamento, pois "não tem saídas de emergência como a lei determina", bem como "acessos e casas de banho para deficientes".
Além da elevada dívida da instituição à Segurança Social, o equipamento precisa "de obras de requalificação", pois chove num pavilhão, alertou Carla Tavares.
A Associação Académica da Amadora surgiu há cerca de 70 anos, quando alunos da cidade foram desafiados por colegas de Sintra para um jogo de hóquei em patins.
A instituição foi fundada em 26 de janeiro de 1942, com seções desportivas de atletismo, basquetebol, hóquei, ténis de mesa, rugby e voleibol.
As condecorações e o palmarés não evitaram a insolvência, apesar dos pavilhões continuarem a receber iniciativas desportivas, enquanto aguarda pelo que o futuro ditar no leilão.