'Pequeno Tratado da Intolerância', de Charb, apresentado na Amadora

A obra “Pequeno Tratado da Intolerância”, de Charb, é apresentado hoje à noite, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora, no âmbito da exposição “Estúpidos, maldosos e semanais. Uma constelação em torno do Charlie Hebdo”.
 
A apresentação da obra do antigo diretor do jornal, que morreu no ataque de 07 de janeiro de 2015, tem início às 21:30 e está a cargo de Nuno Ramos de Almeida, editor-executivo do jornal i.
 
Esta edição, segundo a Bertrand, que chancela a obra, “junta os dois volumes (o primeiro deles com ilustrações) das Fatwas de Charb, publicados em França, em 2010 e 2014, e está organizada por pequenas irritações e ódios de estimação ("Morte aos Teóricos do Riso! Morte aos Tatuados! Morte ao 3D! Morte aos Peluches!") em que o autor, partindo de uma observação quase microscópica do quotidiano, dá largas ao seu sarcasmo”.
 
Charb afirma: “Morte aos leitores de jornais gratuitos! Eles correm para ele, arrancam-no das mãos do pobre tipo de blusão com uma sigla que o distribui à entrada do metro. Todos querem um exemplar do jornal gratuito, atrás do qual vão esconder a cara suja durante o tempo que durar o trajeto até ao trabalho. Eles não leem os jornais gratuitos para se informarem ou mesmo para terem a ilusão de estarem informados; eles leem-nos porque… são grátis”.
 
A tradução de “Pequeno Tratado da Intolerância” esteve a cargo de José Vala Roberto/João Quina Edições.
 
Charb, cartoonista, jornalista e diretor do semanário francês Charlie Hebdo, de 2009 a 2015, é autor de numerosos livros, entre os quais “Carta aos escroques da islamofobia que fazem o jogo dos racistas”, também publicado pela Bertrand.
 
Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, foi assassinado no ataque à redação do Charlie Hebdo. Tinha 47 anos.
 
A exposição “Estúpidos, maldosos e semanais. Uma constelação em torno do Charlie Hebdo” visa "mostrar o contexto em que este título, assim como o grupo editorial que o formou, associado à revista Hara-Kiri, surgiu”, "revisitando referências da imprensa ilustrada satírica, os títulos de banda desenhada, imagens da publicação e livros que refletem a sua história", explica em comunicado a Câmara da Amadora.
 
A mostra inclui um complemento organizado por Osvaldo Macedo de Sousa, "Cartoonismo: uma profissão de risco?", em que "se visitam vários artistas que, no mundo dito do Médio Oriente e da Ásia, têm sofrido as consequências mais graves pelo seu trabalho artístico, demonstrando que a luta pela liberdade de expressão é verdadeiramente universal, e que a solidariedade deve ultrapassar fronteiras, línguas e culturas”.