Pessoa/125 anos: Barreto Xavier na inauguração de exposição em Cascais

A Câmara de Cascais inaugura, na quinta-feira, no Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, uma exposição alusiva à ligação de Fernando Pessoa ao concelho, segundo um comunicado hoje divulgado pela autarquia.
“Nos últimos anos da vida, Pessoa desenvolveu uma relação forte com Cascais”, lê-se no comunicado que refere que o poeta passou fins de semana e outros períodos em casa de familiares em S. João do Estoril.
Em 1932, Fernando Pessoa candidatou-se, sem êxito, ao lugar de bibliotecário-conservador da Biblioteca do Museu Condes de Castro Guimarães.
A exposição intitulada “Gabinete Pessoa” é inaugurada na quinta-feira, às 19:00, com a presença do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.
A mostra “foca-se exclusivamente em documentos do espólio de Pessoa albergado na Biblioteca Nacional – alguns ainda inéditos –, associando-os à documentação que integra os arquivos do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães e parte do acervo da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa”, afirma a autarquia.
Da exposição fazem parte manuscritos e dactiloscritos pelo punho do poeta e, entre os cinco inéditos, contam-se projetos comerciais de Pessoa em Cascais e uma novela policial em torno do mago britânico Aleister Crowley, que teve o ponto mais alto num suicídio encenado na Boca do Inferno, em 1930. Esta encenação levou o autor de “Mensagem” a conceber projetos para uma novela policial.
A autarquia salienta que Pessoa “sempre manteve a chamada Costa do Sol no seu horizonte de projecão, concebendo uma iniciativa propagandística, em inglês, sobre o Estoril, publicando uma extensa reportagem sobre a colónia infantil Macfadden, nos Banhos da Poça, e compondo uma narrativa que tem como cenário uma casa de saúde de Cascais ou simplesmente escrevendo poesia, com o mar de Cascais por perto”.
Numa carta à sua apaixonada Ofélia Queiroz, em outubro de 1929, Pessoa confessou: “Preciso cada vez mais de ir para Cascais”.
O poeta não conseguiu o lugar a que se propôs, em 1932, mas continuou a frequentar a região e, numa carta ao escritor Adolfo Casaes Monteiro, em dezembro de 1934, disse: “Conto passar parte do mês próximo no Estoril, com minha família”.
A exposição, que estará patente até 29 de dezembro, integra-se nas celebrações dos 125 anos do nascimento do autor de “Nas grandes horas em que a insónia avulta”.
Fernando Pessoa publicou poucos textos em vida, tendo a maior parte da sua obra sido publicada na segunda metade do século XX, continuando, atualmente, a surgir inéditos.
“Mensagem”, poema publicado em 1934, concorreu ao prémio de Poesia do Secretariado de Propaganda Nacional, tendo sido eliminado, não pela falta de qualidade, mas por não cumprir, conforme o regulamento, o número mínimo de páginas, como afirma nas suas memórias a poetisa Fernanda de Castro, que foi um dos membros do júri.
Pessoa, além de produzir poesia, que assinava com seu nome, criou vários heterónimos, nomeadamente Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares, entre outros, que produziram variada poesia e prosa.