Há 40 anos que Eleutério Vidal, de 65 anos, frequenta a Praia de Caxias porque a considera “bonita, muito sossegada e de ambiente quase familiar”. Por isso, não se importa de se deslocar para ali desde a Amadora, onde mora. Até porque, além do mais, fica muito acessível em termos de transportes públicos.
A presença da estação de comboios a meia dúzia de passos também é argumento que costuma conquistar Vânia Isidoro, de 28 anos, moradora em Belém. Pelo menos, quando traz ao colo o seu filho de dois anos e não vem de automóvel. “Quando estou de carro prefiro ir até Paço de Arcos”, diz ao JR.
Embora declare apreciar a Praia de Caxias, que frequenta há sete anos, não deixa de lhe apontar algumas falhas. “Infelizmente, ainda há muita gente que deixa lixo na areia em vez de o colocar nos recipientes apropriados”, critica. Por outro lado, “não tem bandeira a avisar do estado do mar, nem qualquer vigilância – embora o mar esteja quase sempre calmo – e, sobretudo, o que faz mais falta é chuveiros”, lamenta, enquanto despeja uma garrafa de água sobre o corpo do bebé.
Na verdade, nos três areais que ali existem – de um e outro lado do Forte de São Bruno e ainda uma língua localizada mais a poente – só há um único chuveiro, situado nesta última praia (junto a um túnel que permite o acesso a um bar com esplanada que serve de apoio de praia, incluindo sanitários, que é obra da Junta de Freguesia de Caxias).
Assim é a Praia de Caxias, que o JR – por erro de que se penitencia perante os leitores, sobretudo os moradores daquela freguesia – não incluiu, em notícia inserida em recente edição, no lote de zonas promovidas, este ano, à I Divisão deste tipo de oferta balnear, tendo obtido estatuto de praia. Disso mesmo se queixaram com razão, alguns leitores, entre eles Gustavo Faria, que além da crítica construtiva, tratou de juntar informação valiosa.
“Na actualidade, as praias de Caxias recebem inúmeros banhistas vindos de diversas regiões e que a consideram local aprazível e de beleza inquestionável. Obviamente que, na época de crise em que vivemos, o facto de serem praias de fácil acesso (ficam a escassos 50 metros da estação da CP e a 15 de minutos de Lisboa) a tendência será de aumentar significativamente o número de pessoas que para ali se deslocam”, faz notar o munícipe. Que não deixa de lembrar, com ironia: “Continua a não existir qualquer meio de salvação (bóias, pranchas, nadadores-salvadores...), apesar de os nadadores-salvadores serem formados pelo Instituto de Socorros a Náufragos, que tem a sua sede em... Caxias”.