Praias do litoral alentejano ainda sem vigilância assegurada

Várias praias dos concelhos de Odemira, Sines e Grândola, no litoral alentejano, ainda não têm vigilância assegurada, por falta de nadadores salvadores, disseram hoje à agência Lusa os responsáveis de duas associações locais.
   
Entre as praias sem nadadores salvadores, até hoje, contam-se as de Almograve e Malhão (Odemira), Melides (Grândola) e Morgavel, Vieirinha e Ilha do Pessegueiro (Sines), indicaram as associações Resgate e Seagull Rescue, que asseguram anualmente a vigilância na maioria das zonas balneares da região.
 
No concelho de Santiago do Cacém, as praias também não estão ainda vigiadas, mas a abertura da época balnear está prevista apenas para sábado.
 
A sazonalidade da atividade, geralmente assegurada por jovens estudantes ainda em fase de exames nesta altura, dificulta todos os anos a contratação de nadadores salvadores atempadamente, contudo, este ano, segundo o presidente da Associação de Nadadores Salvadores do Litoral Alentejano Resgate, António Mestre, a situação é "mais crítica".
 
O responsável da Resgate, associação contratada pelos municípios e concessionários de Odemira, Sines e Santiago do Cacém para assegurar a vigilância nas zonas balneares, atribui as dificuldades na contratação de profissionais à alteração da formação certificada, que passou a ser lecionada por entidades privadas.
 
"Ainda estão a decorrer cursos de nadador salvador, em plena época balnear", criticou, em declarações à agência Lusa.
 
Embora sem falta de nadadores salvadores nas praias onde assegura a vigilância (Carvalhal, Troia-Mar, Bico das Lulas, Troia-Galé, Aberta Nova e Galé), o presidente da Associação de Nadadores Salvadores de Grândola Seagull Rescue, Nuno Gomes, também considera haver este ano "dificuldades acrescidas" na colocação destes profissionais devido à alteração da formação.
 
"Há falta de nadadores, porque, face à formação, as coisas ficaram mais difíceis, ficou mais cara", disse, destacando ainda a alteração à legislação da contratação, que considera não estar adequada à profissão.
 
"Os contratos de trabalho têm que ter no máximo oito horas por dia, ou 40 por semana, ora, não é difícil perceber que os nadadores salvadores geralmente estão lá mais tempo do que isso", disse.
 
Além disso, a assinatura de um contrato de trabalho leva a que "os jovens estudantes percam direito às bolsas de estudo", o que, argumentou, afasta mais candidatos.
 
Contactado pela agência Lusa, o comandante Nuno Galhardo Leitão, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), refutou haver dificuldades provocadas pela passagem da formação para entidades privadas, argumentando terem sido formados mais nadadores salvadores do que no ano passado, mas reconheceu situações "pontuais" relacionadas com a contratação.
 
Por "imposição da União Europeia", explicou, foi criada legislação para profissionalizar os nadadores salvadores e que alterou a relação contratual entre nadadores salvadores e concessionários.
 
"Têm existido algumas dificuldades", admitiu, frisando, contudo, que "são pontuais" e relacionadas com "o tipo de contrato que os nadadores salvadores celebram com os concessionários", que podem por em risco, exemplificou, as "bolsas de estudo" de alguns profissionais, que são geralmente estudantes.
 
A falta de nadadores salvadores "é um falso problema", fez questão de frisar, assegurando que nos próximos dias, com o fim dos exames, "muitos jovens vão para as praias trabalhar".