Prémio Pessoa: Júri destaca trabalho inovador como historiador da ciência

O júri do Prémio Pessoa destacou hoje o "trabalho inovador" do investigador Henrique Leitão, vencedor da edição deste ano, na "reconstrução histórico-científica do legado científico português e peninsular para a Modernidade".
 
O vencedor da 28.ª edição do prémio foi hoje anunciado no Palácio de Seteais, em Sintra, pelo presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, que sublinhou, o trabalho do galardoado como "historiador da ciência".
 
Com um valor monetário de 60.000 euros, o prémio reconhece a intervenção de uma personalidade portuguesa na vida cultural e científica do país.
 
Na ata da reunião, o júri sustentou ainda que o trabalho do investigador, de 50 anos, "tem-se traduzido em publicações científicas de grande importância e impacto internacional", nomeadamente como coordenador do projeto de publicação das Obras Completas de Pedro Nunes, um dos vultos portugueses da ciência no século XVI.
 
Na justificação para a escolha, o júri apontou também que Henrique Leitão se distinguiu, em 2014, pelo "contributo para resolver um problema científico em aberto há um século, o Método da Projeção de Mercator".
 
"No âmbito desse trabalho inovador de reconstrução histórico-científica do legado científico português e peninsular para a Modernidade, Henrique Leitão tem sido a personalidade em torno da qual se constituiu uma escola de pensamento neste domínio científico, cujo reconhecimento pela comunidade académica internacional deve ser sublinhado, motivando investigadores portugueses e estrangeiros", indica o júri na ata.
 
Nascido em Lisboa, a 07 de novembro de 1964, Henrique José Sampaio Soares de Sousa Leitão é doutorado em Física pela Universidade de Lisboa em 1998, e é atualmente Investigador Principal no Centro Interuniversitário da História das Ciências e Tecnologia (CIUHCT), e docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
 
No seu percurso profissional, Henrique Leitão "combina a sólida formação científica com um conhecimento humanista, que o torna num verdadeiro cultor da interdisciplinaridade", sublinhou Francisco Pinto Balsemão, no anúncio do prémio.
 
Ainda sobre o trabalho de Henrique Leitão, foi destacada a projeção nacional e internacional da Exposição “360º Ciência Descoberta” (2013), "dando a conhecer ao grande público a importância crítica que a Península Ibérica teve para o desenvolvimento científico e o progresso civilizacional".
 
Além do presidente, Francisco Pinto Balsemão, o júri desta edição do prémio integra ainda Álvaro Nascimento, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery, Viriato Soromenho-Marques e Maria Manuel Mota, vencedora em 2013, pelos estudos desenvolvidos sobre a malária.
 
O Prémio Pessoa é atribuído anualmente desde 1987 a uma pessoa que, segundo a organização, tenha sido "protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país".
 
O historiador José Mattoso, os poetas António Ramos Rosa e Herberto Helder (que recusou o galardão), a pianista Maria João Pires, os investigadores António e Hanna Damásio, os arquitetos Eduardo Souto de Moura e Carrilho da Graça e o ensaísta Eduardo Lourenço são algumas das personalidades já distinguidas.
 
O Prémio Pessoa é uma iniciativa do semanário Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos.