“Os hospitais têm de ser pensados em função das populações que servem”, afirma a ex-ministra da Saúde Ana Jorge,em defesa da manutenção da urgência polivalente no Hospital Garcia de Orta (HGO). Ao que consta, o Ministério da Saúde terá considerado a hipótese de acabar com esta valência na unidade de Almada, mas a ideia não está a ser bem acolhida pelos profissionais do HGO.
Actualmente à frente do Centro de Formação, Ensino e Investigação do HGO, Ana Jorge lembra que o Governo está a equacionar as quatro urgências na região de Lisboa, sendo três delas na capital e uma na unidade hospitalar de Almada. O objectivo da tutela parece ser reduzir esta resposta para apenas três urgências polivalentes. “Estamos de acordo com essa concentração de meios”, diz Ana Jorge, mas ao mesmo tempo lembra que o hospital em Almada “não pode ser desqualificado”, porque serve uma população de 700 mil utentes e alguns também da zona do Alentejo.
O HGO “é o único hospital diferenciado, polivalente, a sul do Tejo”, afirma Ana Jorge ao mesmo tempo que interroga: “Será que toda a população que vive nesta área vai ter de atravessar pontes, ser sujeita aos condicionalismos de trânsito, para ser atendido em Lisboa quando em Almada tem resposta?”. Por isso entende que a decisão do Governo “tem de ser em defesa da vida”.
E caso o HGO fique sem a urgência polivalente “é a população que perde”. “A grande diferença entre uma urgência médico-cirúrgica e uma urgência polivalente é a capacidade de responder a situações de acidentes graves. E o HGO tem essa capacidade”, afirma. Entretanto estão agendadas reuniões entre a direcção do HGO e o Ministério da Saúde. Aliás, a directora clínica da unidade de Almada, Ana França, diz que o hospital tem sido ouvido sendo por isso do conhecimento da tutela a realidade local.