A apanha de bivalves está proibida em diversas zonas da costa de Portugal continental, devido à presença de toxinas causadoras de intoxicação diarreica, revelou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com o IPMA, na sua página da internet, foi imposta temporariamente a interdição da apanha e captura para todos os bivalves no litoral entre Peniche e Lisboa e áreas da Ria Formosa e para amêijoa-macha na Ria de Aveiro.
A proibição na Lagoa de Albufeira abrange a maioria dos bivalves, exceto amêijoa-japonesa, amêijoa-macha e amêijoa-boa. A interdição é justificada "devido à presença de fitoplâncton produtor de toxinas marinhas ou de níveis de toxinas ou de contaminação microbiológica acima dos valores regulamentares".
Na maioria das amostras foram detectadas toxinas que provocam intoxicação diarreica (DSP). Já no litoral entre Setúbal e Sines está proibida a captura de amêijoa-branca devido à presença de toxinas que provocam intoxicação amnésica (ASP).
Na sequência deste novo boletim do IPMA, a Capitania do Porto de Cascais informou, na sua página do Facebook, que se "encontra interdita a apanha de todos os moluscos bivalves ao longo da sua área de jurisdição", delimitada desde a ponta da foz do Rio Sisandro (Mafra) até à Torre de S. Julião da Barra (Oeiras).
"Para além de passível de procedimento contra-ordenacional, a desobediência a esta restrição poderá trazer consequências graves para a saúde pública, sobretudo nos grupos etários mais vulneráveis (crianças e idosos)", alerta a Capitania do Porto de Cascais.
O aviso representa especial importância devido à tradição de sexta-feira Santa da apanha lúdica de mexilhão em várias zonas costeiras de municípios como Cascais e de Sintra.
A Câmara de Cascais informou que, hoje, técnicos municipais vão estar nos locais do concelho onde tradicionalmente ocorre a apanha lúdica de mexilhão - Avencas, Mexilhoeiro e Cabo Raso - para explicar à população que cada pessoa só poderia apanhar, por dia, três quilos do bivalve.
A acção, realizada em parceria com a Polícia Municipal e Polícia Marítima, destinava-se a controlar as quantidades capturadas, mas perante a interdição deverá ter contornos de prevenção e punição perante a desobediência à proibição de captura dos bivalves.
"O nosso mexilhão é certificado e a qualidade está assegurada através de fornecedores dos restaurantes que participam no festival", explicou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Colares, Rui Santos.
Perante o costume da apanha dos bivalves nas praias da freguesia na sexta-feira Santa, a junta decidiu apoiar a primeira edição de um festival gastronómico dedicado ao mexilhão.
O evento, organizado pelo Clube Recreativo da Praia das Maçãs, com o apoio da Câmara de Sintra, decorre hoje e sábado, entre as 16h00 e as 24h00, no mercado da Praia das Maçãs, à entrada da localidade balnear do concelho de Sintra.
Além de pratos do bivalve, quem não apreciar mexilhão poderá optar por bifanas.