Projeto 'Lisboa em si' pede silêncio para se ouvir a cidade cantar

O projeto “Lisboa em Si”, que vai, na noite de 21 de junho, fazer da capital uma orquestra – com sirenes de embarcações, sinos de igrejas, carros de bombeiros e elétricos – pede ao público silêncio, para deixar ouvir Lisboa.
Estar em silêncio durante os sete – “precisamente sete, em homenagem às sete colinas” – minutos em que Lisboa vai fazer-se ouvir é ser parte da orquestra, é “ser um instrumento, parte ativa do concerto”, disse à Lusa o músico e compositor Pedro Castanheira, diretor artístico do projeto.
Essa é "a parte mais essencial de todas”, frisou. O público pode ainda – e deve, disse – participar no evento em outros dois momentos, antes de o concerto começar e depois de terminar.
Quando soarem as sirenes que assinalam que está para breve o início, explica, vai ser lançado um foguete do rio. "As pessoas devem fazer ‘shhhhhhhhh’, mas não de uma forma agressiva, de uma forma percutiva, para espalharmos ao longo da zona ribeirinha um [som] como se fossem as pedras a rolar, quando o rio ia buscá-las para dentro de água”, pede.
Depois do primeiro apito, começa o silêncio. “É o momento ‘silêncio, que se vai cantar Lisboa’”, sublinhou Graça Fonseca, vereadora da Economia e Inovação na Câmara Municipal de Lisboa.
Durante este tempo, sons da Lisboa de todos os dias vão, ao longo da zona ribeirinha – num espaço delineado a este pela igreja de Santo Estêvão, a oeste pela igreja de Santa Catarina e a norte pelo Miradouro de São Pedro de Alcântara – combinar-se numa “ode musical”.
Aos jornalistas, a falar em nome da Câmara de Lisboa, que apoia o projeto, a vereadora Graça Fonseca explicou que esta iniciativa "cria a partir daquilo que a cidade já é". Lisboa, disse, "é som, é espaço público, é luz". Este conceito, acrescentou, "tem muito que ver com uma estratégia própria da cidade, que é a de dar-se a conhecer como uma ‘lovable brand’".
"Este projeto torna visível o que Lisboa é, e o que pode ser na combinação da luz, do som, do espaço, dos equipamentos, do seu património”, concluiu.
Quando a orquestra de 30 embarcações, seis carros de bombeiros, 19 torres sineiras, dois comboios e seis elétricos terminar a atuação, e depois de um segundo foguete, “pede-se às pessoas que façam barulho”, o barulho “que lhes apetecer”, acrescentou Pedro Castanheira.
A importância de o público alinhar nas regras, reforçou o compositor, é o retrato que vai tirar-se deste momento: “Vai haver uma gravação do concerto. Alguém que queira participar e ache que pode, por exemplo, buzinar, estraga o momento e estraga o acervo para a posteridade”, disse.
A iniciativa “Lisboa em Si” é uma coprodução da Cooperativa Fora de Si e da Câmara Municipal de Lisboa, com o apoio do Turismo de Lisboa e da Administração do Porto de Lisboa, e com a participação da Marinha, Transtejo/Soflusa, CP, Carris, Patriarcado de Lisboa e Escola Superior de Música de Lisboa.
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