A integração dos imigrantes, o desafio no acolhimento de refugiados e o combate aos preconceitos e aos falsos rumores são alguns dos objetivos de um projeto internacional, financiado pela União Europeia e liderado pela cidade portuguesa da Amadora.
O projeto chama-se Arrival Cities e além da Amadora conta com a participação das cidades de Vantaa (Finlândia), Thessalinki (Grécia), Riga (Letónia), Messina (Itália) e Roquetas de Mar (Espanha).
Pela primeira desde a sua formação, os membros deste projeto estão reunidos, até hoje, na Amadora, para debater estratégias de apoio aos imigrantes e para partilhar experiências já existentes.
Em declarações à agência Lusa, a vereadora com o pelouro do Desenvolvimento Social na Câmara da Amadora, Cristina Farinha, explicou que o objetivo passa por as ideias desenvolvidas durante o encontro ajudarem o município a construir um plano de intervenção junto da comunidade imigrante.
"Estamos a falar de um município em que 10% da sua população é imigrante. A ideia é que, ao longo de seis meses, possamos partilhar experiências com concelhos europeus com uma situação semelhante à nossa e, num prazo de dois anos, elaborar um plano de atuação", perspetivou Cristina Farinha.
A autarca ressalvou que o município "não parte do zero" e que deu conta aos seus parceiros europeus de alguns projetos já implementados na Amadora, nomeadamente uma campanha para combater os rumores e os preconceitos relativamente aos imigrantes.
"É muito fácil transformar uma mentira dita muitas vezes numa verdade. Existem muitos mitos sobre os imigrantes que temos vindo a tentar desmistificar. Os contributos dos nossos parceiros serão fundamentais para poder consolidar esta estratégia", apontou.
Cristina Farinha referiu que o projeto anti rumores privilegia essencialmente as redes sociais, como o Facebook e o Twitter, e canais de informação virais para passar informação sobre a imigração e a diversidade do concelho.
A problemática dos refugiados foi outro dos temas abordados neste encontro, uma realidade que, na opinião da autarca da Amadora, deverá ser prioritária.
"A Câmara da Amadora está disposta a dar o seu contributo para apoiar não só aqueles que já cá estão como os que estão para chegar. A verdade é que este tema não era o nosso ponto de partida, mas nos últimos meses tornou-se incontornável", justificou.
Nesse sentido, Cristina Farinha referiu que a autarquia já iniciou contactos com instituições locais e com a comissão local de ação social para discutir estratégias de apoio aos refugiados.
Por seu turno, em declarações à agência Lusa, Andreas Karadakis, da Grécia, um dos parceiros envolvidos neste projeto, defendeu que a solução dos refugiados deverá passar por criar condições de paz nos seus países de origem para que estes possam regressar.
"Diariamente, temos a chegar às ilhas gregas cerca de 450 pessoas e centenas de embarcações. É um fluxo anormal. A meu ver, a estratégia e os esforços têm de passar por trazer a paz a esses países", defendeu.
Relativamente à integração dos imigrantes, Andreas Karadakis apontou o combate ao desemprego, a formação sócio profissional e o reforço do trabalho em rede, com todos os parceiros sociais, como medidas a adotar.
Na Amadora, a comunidade imigrante representa 10% dos 175 mil habitantes, com 41 nacionalidades diferentes.
Cabo Verde, Brasil, Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe, Roménia e Ucrânia são os países mais representados.