Uma dezenas de pais e elementos da associação ambientalista Quercus protestaram hoje em frente à Escola Básica Rui Grácio, em Montelavar, Sintra, exigindo a retirada dos telhados que contêm amianto, material potencialmente cancerígeno.
Segundo o presidente da associação de pais, Francisco Gonçalves, esta é uma escola que tem 28 anos, "nunca foi alvo de obras de requalificação", mas a principal preocupação reside no facto de o telhado representar um risco para a saúde das crianças e dos trabalhadores da escola.
"O telhado é feito à base de amianto, que pode provocar cancro do pulmão. Tem fendas e onde há fendas há queda de partículas que se podem alojar nos pulmões. Estamos muito preocupados com esta situação", disse Francisco Gonçalves à agência Lusa.
Os pais que esta manhã se concentraram em frente ao estabelecimento escolar exigem a requalificação dos equipamentos e do mobiliário da escola e alegam que o estado da escola põe em causa a segurança das crianças, uma vez que junto ao edifício do estabelecimento escolar se encontra "um posto de transformação de eletricidade construído sobre uma linha de água e que alaga quer seja inverno, quer seja verão".
De acordo com a diretora do agrupamento de escolas Lápiás, ao qual a EB 2/3 Rui Grácio pertence, a exposição ao amianto é "preocupante" e deveriam ser tomadas medidas para a substituição dos telhados.
"Os telhados estão degradados e estamos todos os dias a apanhar estas partículas no ar. Os alunos passam pelo menos cinco anos nesta escola. Estamos muito preocupados", afirmou a Isabel Casinhas.
Presente no protesto, Pedro Carteiro, da Quercus, disse à agência Lusa que está provado cientificamente que o amianto pode provocar cancro do pulmão e que o Estado já deveria ter tomado medidas para acautelar essas situações.
"O Estado não cumpriu o prazo estipulado por lei para fazer a avaliação do estado dos materiais com amianto nos edifícios públicos. No fundo tratava-se de fazer uma medição de partículas para saber o estado do amianto e depois fazer um relatório com as prioridades de intervenção", defendeu.
Segundo o ambientalista, o último prazo para fazer essa avaliação terminou em fevereiro e a Quercus pondera avançar com uma queixa à comunidade europeia.
"Isto põe em causa a saúde dos trabalhadores. Está provado que faz mal à saúde e a Organização Mundial da Saúde diz até que a retirada destes materiais pode ser prejudicial e deve ser feita de forma cuidada", sublinhou.