A PSP anunciou hoje a abertura de um inquérito interno para apurar se existe relação entre a detenção e o internamento do jovem do bairro 6 de maio, Amadora, cuja morte provocou revolta entre os moradores esta madrugada.
Fonte policial explicou à agência Lusa que Diogo Seidi, de 15 anos, e mais três suspeitos foram detidos em flagrante delito a 10 de maio, quando furtavam bebidas alcoólicas no valor de 230 euros de um supermercado na Falagueira, Amadora. O jovem foi internado dois dias após a detenção [12 de maio] e faleceu esta quarta-feira.
"Considerando os factos, e apesar de não dispor de elementos objetivos que permitam estabelecer um nexo de causalidade entre a ocorrência do dia 10 de maio e o internamento do menor, a PSP deu início a procedimento de averiguações interno, aguardando igualmente o resultado do diagnóstico clínico e da eventual autópsia", esclarece, em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis).
Moradores e familiares afirmaram que os desacatos ocorridos esta madrugada se deveram à revolta instalada, na sequência da morte do jovem, provocada, alegadamente, pelo "espancamento" de elementos da PSP.
A nota refere que os detidos foram conduzidos à esquadra da Reboleira, Amadora, na qual estiveram igualmente os respetivos advogados. Acrescenta que, por ter menos de 16 anos, Diogo Seidi "foi entregue à sua irmã, saiu pelo próprio pé, não tendo sido comunicada ou registada qualquer denúncia por agressão ou maus tratos na PSP", por parte dos familiares.
Segundo o Cometlis, o jovem terá entrado nas urgências do Hospital Amadora-Sintra dois dias após a detenção, e daí transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde foi sujeito a intervenção cirúrgica.
"A PSP desconhecia por completo o internamento do jovem nem, em momento algum, teve contacto com o mesmo após a sua entrega e saída da esquadra [ocorrida a 10 de maio]", frisa o comunicado.
De acordo com outra fonte policial, o menor, conhecido por "Mucho", estava referenciado pelas autoridades desde 2008 - quando tinha 11 anos -, e tinha antecedentes criminais por roubo com arma de fogo, roubo por esticão, furto a supermercado e roubo de veículos através do método de ‘carjacking’.
O comandante dos Bombeiros da Amadora, Mário Conde, explicou que vários jovens do bairro "formaram barreiras nas estradas com caixotes de lixo e sofás velhos" para impedir a circulação dos meios de socorro, enquanto ateavam fogo a uma viatura, partiam janelas de estabelecimentos comerciais e atiravam pedras aos carros que passavam.
Todos os acessos ao bairro, considerado problemático pelas autoridades, estiveram bloqueados com perímetros de segurança montados pela polícia, para evitar que mais viaturas fossem apedrejadas, num aparatoso dispositivo policial, que teve mais de uma dezena e meia de viaturas das autoridades.
Durante a noite, a polícia deteve dois jovens, de 20 e 21 anos, um por resistência e coação e outro por posse de arma proibida (bastão de basebol), este último com antecedentes criminais por agressões e assalto com arma de fogo.