Quatro décadas de festivais de música em Portugal registadas em livro

Mais de 300 festivais de música foram idealizados ou concretizados em Portugal, desde a década de 1970 até à atualidade, número revelado por um levantamento estatístico e histórico reunido agora em livro, apresentado esta semana em Lisboa.
 
Durante quatro anos, Ricardo Bramão e Marta Azevedo reuniram informações sobre dezenas de festivais de música, transversais a vários géneros, do jazz ao pop rock, para criar o livro "Festivais de Música em Portugal".
 
"É como um guia que sumariza informação sobre os festivais e disponibiliza dados sobre número de edições ou de espetadores. Deu-nos imenso trabalho reunir informações, sobretudo antes de 1998, mas também nos deu prazer conhecer coisas antigas", afirmou Ricardo Bramão à agência Lusa.
 
Com quase 500 páginas de informação e edição da Chiado Editora, o livro conta com prefácio do radialista Álvaro Costa, que considera os festivais portugueses de música "significantes de empreendedorismo cultural".
 
Para Álvaro Costa, o livro atesta o cenário de maturidade e crescimento que o panorama dos festivais de música registou ao longo das últimas décadas.
Segundo os autores, "é possível apontar tendências, conceitos que falharam e outros que experienciam o sucesso até aos dias de hoje, servindo assim cada um destes eventos para uma aprendizagem e melhoria das práticas atuais em festivais de música".
 
Temporalmente, o livro faz referência a dois festivais que marcaram o mapa português, ambos em 1971 - o Cascais Jazz e o Vilar de Mouros - e termina com os festivais ocorridos em setembro de 2014, repartindo-os entre "ativos", "inativos" e "cancelados".
 
A obra apresenta ainda um mapa com a distribuição geográfica dos festivais e Ricardo Bramão sublinha a mudança que tem ocorrido: já não há apenas festivais nos grandes centros urbanos ou mais próximos do litoral. A dispersão geográfica é maior - com entrada no interior do país - e confirma a diversidade dos eventos de música.
 
Há ainda outros parâmetros focados no livro, como o impacto ambiental e turístico, a criação de emprego, o apoio de estruturas locais e autárquicas.
 
Segundo Ricardo Bramão, a ideia é fazer uma atualização anual do livro, porque esta é uma área mutante, com o aparecimento e morte de festivais de música.
 
Ricardo Bramão e Marta Azevedo fazem parte da direção da Associação Portuguesa de Festivais de Música (APORFEST), formalizada em setembro passado e que reune, desde então, cerca de uma centena de associados.