Vinte e oito peças de teatro, quatro das quais em estreia, onze espetáculos musicais e sete de dança compõem a programação de 2015 da Companhia de Teatro de Almada (CTA), apresentada no Teatro Municipal Joaquim Benite.
“A Mauser”, do dramaturgo alemão Heiner Müller, numa encenação de Matthias Langhoff, antigo codiretor do Berliner Ensemble, e a tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen de “Hamlet”, de Shakespeare, dirigido por Luís Miguel Cintra, são duas das quatro estreias da temporada da CTA, anunciadas pelo seu diretor, Rodrigo Francisco.
As outras duas são “A tragédia otimista”, encenação de Rodrigo Francisco a estrear em dezembro, altura em que também subirá ao palco do Teatro Joaquim Benite a produção “Pastéis de nata para Bach”, dirigida por Teresa Gafeira para o público mais jovem.
Rodrigo Francisco, em declarações à Lusa, destaca que a temporada "reflete a crise e assenta em temas políticos, já que duas das criações abordam a revolução russa de 1917: 'A Mauser' [de Müller] e 'A tragédia otimista', de Vsevolod Vichnievski".
É também uma “temporada rara”, adianta, já que tem duas criações com encenação de dois nomes de “enorme valor e reputação, como Cintra e Langhoff”.
Quanto às peças de Müller e de Vichnievski, Rodrigo Francisco diz que “dialogam entre si, mas também dialogam com o público, já que é importante perguntar se ainda faz sentido questionar se, neste canto de uma Europa acomodada e tributável, continua a fazer sentido pensar nos acontecimentos na Rússia de há 98 anos”.
“A Mauser” estrear-se-á em maio e “Hamlet”, coprodução da CTA e da Cornucópia, vai contar com o ator Guilherme Gomes, como protagonista, e subirá à cena em novembro, depois da estreia a 05 de julho, no Festival de Almada, e da representação no Teatro da Cornucópia, a partir de 17 de setembro, segundo a programação já divulgada pela companhia de Lisboa.
Além das criações e da reposição em palco de peças da temporada de 2014, como “O pelicano”, encenada por Rogério de Carvalho, que teve lotações esgotadas, e que este ano volta à cena, e de “Kilimanjaro”, baseada na novela de Ernest Hemingway, que esteve em cena em dezembro, a CTA vai ainda acolher representações de companhias provenientes de Braga, Porto, Lisboa, Coimbra, Sintra, Torres Vedras, Setúbal, Faro, Segóvia e Santiago de Compostela.
Entre as peças de acolhimento, quatro são de produção espanhola, havendo ainda a assinalar, segundo Rodrigo Francisco, a presença do Ballet da Argentina, nas produções de dança.
“Temos uma programação diversa que não exclui o grande ecletismo nas escolhas, de modo que os cidadãos de Almada encontrem sempre espetáculos que lhes agradem", disse Rodrigo Francisco à Lusa, ressalvando, contudo, tratar-se de uma temporada orçada em 175.000 euros, totalmente custeada pela autarquia local.
“Uma temporada feita num contexto de muita dificuldade, mas que nem por isso deixou de se pautar por critérios de qualidade”, acrescentou o diretor da companhia.
“Gata em telhado de zinco quente”, de Tennessee Williams, pelos Artistas Unidos, numa encenação de Jorge Silva Melo (Lisboa), “O contrabaixo”, de Patrick Suskind, encenado por António Mercado, de O Teatrão (Coimbra), “Longe do Corpo”, texto e encenação de Marta Freitas, da Companhia Mundo Razoável (Porto), e “Moby Dick”, encenação de Pedro Alves, do teatromosca, sobre Herman Mellvile (Sintra), contam-se entre as peças que a CTA vai acolher ao longo desta temporada.
Nos espetáculos de música, destacam-se concertos de Luís Represas, Áurea e António Zambujo, assim como coros de zarzuelas famosas.
Na dança, é igualmente destacada a presença da Companhia Nacional de Bailado.
Nas artes plásticas, a temporada da CTA prevê quatro iniciativas: “Em casa do meu pai há muitas moradas”, com fotografia de Carlota Mantero, “Graddpa was a Rolling Stone”, “Vitapop” e “Ping Pang Pong”.