A Quercus defendeu hoje a criação "urgente" de um observatório europeu independente que vigie a ação das entidades reguladoras dos Estados-membros e assegure que o mercado único de veículos acautela o melhor interesse e a da saúde dos cidadãos.
A posição desta associação nacional de conservação da natureza surge após os resultados do estudo da Transport&Environment (T&E) que, um ano após o escândalo do recurso da Volkswagen a um dispositivo que reduzia os valores reais dos poluentes, revelou que todos os outros fabricantes a gasóleo não cumprem os valores limite de emissão de óxido de azoto.
O estudo em questão é da Transport&Environment (T&E), da qual a Quercus é membro efetivo e presidente da direção, e é divulgado hoje.
Segundo a Quercus -- que é membro efetivo e presidente da direção da T&E -- a investigação apurou que a Volkswagen "está atualmente a vender, na Europa, os veículos a gasóleo menos poluentes".
"Todos os outros fabricantes de automóveis a gasóleo (ligeiros de passageiro e comerciais) estão em claro incumprimento dos valores limite de emissão de óxido de azoto (NOx), estabelecidos pelas normas Euro 6", prossegue o comunicado.
A Volkswagen melhorou este indicador após o escândalo de há um ano, em que "a marca foi acusada de fraude pela Agência do Ambiente Americana (EPA) por incluir um dispositivo de «software» nos motores dos seus veículos a gasóleo comercializados entre 2011 e 2015, que permitia reduzir as emissões de poluentes em laboratório comparativamente aos valores reais em estrada, não cumprindo a norma Euro 5", conhecido por "Dieselgate".
O estudo agora divulgado refere que "a União Europeia e os Estados-membros não tomaram as medidas necessárias que se exigiam há um ano, quando o Dieselgate aconteceu".
Segundo a Quercus, "a violação da regulamentação ambiental por parte dos fabricantes de automóveis pode ter consequências para a saúde pública e causar mesmo mortes prematuras".
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu o agravamento dos níveis de poluição do ar como uma «emergência de saúde pública»".
No ano passado, prossegue a associação, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) afirmou que o dióxido de azoto (NO2) emitido principalmente pelos veículos a gasóleo em áreas urbanas, foi responsável por um número estimado de 72 mil mortes prematuras na Europa, em 2012, com especial incidência em Itália (21.600), no Reino Unido (14.100), na Alemanha (10.400), na França (7.700), em Espanha (5.900) e na Bélgica (2.300).
"Em Portugal, a AEA estimou a ocorrência de 470 mortes prematuras, em 2012, devido aos elevados níveis de NO2", adianta o comunicado da Quercus que defende a criação urgente "de um observatório europeu independente que vigie a ação das entidades reguladoras dos vários Estados-membros e assegure que o mercado único de veículos acautela o melhor interesse e a defesa da saúde de todos os cidadãos".