‘Radares de Lentidão’ na Cruz Quebrada

No ‘radar de lentidão’ usado pela CP para medir a velocidade dos automobilistas, esta não ultrapassa os ‘0,5 km/hora’ e é com esse valor (inscrito em folhetos de sensibilização) que a transportadora ferroviária pretende chamar a atenção para a perda de tempo e de qualidade de vida que poderá estar a afectar muitos condutores ao optarem por se deslocarem em viatura própria. Com o objectivo de contrariar essa realidade, a Comboios de Portugal promoveu, esta terça-feira de manhã, na Estrada Marginal, junto ao Estádio Nacional (Cruz Quebrada), a entrega de folhetos aos automobilistas retidos pelos semáforos, em jeito de multa por ‘excesso de lentidão’ e de desafio à mudança. Esta quinta-feira será a vez do Porto receber a mesma acção. 
“O que nós gostaríamos com esta campanha é que as pessoas pensassem que utilizar o comboio pode ser mais económico, mais rápido e menos stressante do que o automóvel porque é algo mais fiável, uma vez que o comboio sabemos que parte e chega ao destino a horas certas, enquanto o trânsito nunca se sabe bem o que vai acontecer”, salientou ao JR Filipa Ribeiro, directora de Marketing da CP.
Para convencer os condutores a “fazer a experiência”, a CP está a oferecer, até 30 de Abril,  uma assinatura de um mês de viagens, após a compra de uma primeira assinatura mensal. Destinada apenas a novas adesões, o desafio implica visitar o site www.radardelentidao.cp.pt para accionar a oferta. A campanha é limitada a mil adesões nos comboios urbanos de Lisboa, outras tantas nos urbanos do Porto e, ainda, um milhar em Coimbra, Intercidades e regional.
“Com esta acção queremos, essencialmente, ganhar quota de mercado aos outros modos de transporte e, neste caso, ao transporte individual”, reforçou Filipa Ribeiro, falando ao JR na Cruz Quebrada, durante a distribuição de folhetos ‘Foi apanhado em excesso de lentidão’. Um desafio que “ainda tem muita margem para evoluir, embora na região de Lisboa nós já tenhamos mais de 200 mil clientes que todos os dias viajam connosco”, adiantou aquela responsável, reforçando as vantagens dos comboios: “Depende de cada caso em concreto, mas, regra geral, penso que as pessoas conseguem ter melhor qualidade de vida se utilizarem o comboio, quer porque é mais económico, quer porque, em muitos casos, é mais rápido, sem esquecermos que o comboio é muito mais amigo do Ambiente do que o automóvel”.
O Jornal da Região tentou perceber a reacção dos automobilistas abordados pelo desafio da CP durante os breves momentos de semáforos vermelhos na Cruz Quebrada e o tom geral constatado foi de receptívidade perante a iniciativa, mas acompanhada de algumas reservas.
“O grande problema da CP é não ter estacionamento perto das estações”, considerou Ana Vargas, que usa regularmente o automóvel nas suas deslocações para o emprego em Lisboa. “Eu moro em Paço de Arcos, perto do Parque dos Poetas, e a verdade é que não há nenhum sítio para estacionar a não ser um baldio horrível”.
Por seu turno, Manuela Azevedo indicou que todos os dias usa o seu carro na viagem entre Caxias, onde mora, e Lisboa. “Uso o comboio mais em tempo de lazer e não tanto para ir trabalhar porque o meu emprego obriga-me, muitas vezes, a ir directamente para locais diferentes, ou seja, não é o caso típico de casa-trabalho e vice-versa”, especificou ao JR. A automobilista aproveitou, ainda, para deixar uma reclamação: “Gostava que as estações em geral da Linha de Cascais estivessem mais arranjadas, a de Caxias então… às vezes, não está lá sequer o homem dos bilhetes, não se consegue pagar e tem tudo um ar de abandono…”.
Já no caso de Carlos Seia, morador em Queijas, o problema é só ter a Vimeca como alternativa ao automóvel nas suas deslocações para a capital.  “Trabalho por turnos e hoje estou só a entrar à tarde, mas quando entro de manhã é difícil apanhar o autocarro e, por causa disso, acabo por ter mesmo de usar o carro, com grande pena minha”, diz.
 
Jorge A. Ferreira