O Re-food promove na quinta-feira uma “reunião comunitária” em que vai desafiar a população a participar neste projeto de combate à fome e ao desperdício alimentar, que já resgatou e doou 407.000 refeições que tinham como destino o lixo.
A reunião, que decorrerá na Fundação Calouste Gulbenkian, é promovida pelo núcleo Re-food no bairro lisboeta de Nossa Senhora de Fátima, onde o projeto nasceu a 09 de março de 2011 por iniciativa de Hunter Halder, um norte-americano que vive em Portugal há mais de vinte anos.
O objetivo do encontro é “angariar voluntários para nós e para as organizações que convidámos para estarem presentes no evento [a AC2, o Limiar, a Pro Bono, a Super Babysitters, o Coração Amarelo e a Sapana]”, disse hoje à agência Lusa Francisca Vermelho, voluntária no núcleo de Nossa Senhora de Fátima.
Francisca Vermelho explicou que, ao contrário de outros núcleos Re-Food que começaram este ano, o núcleo Nossa Senhora de Fátima “nunca fez uma chamada massiva de voluntários”.
Tem havido “alguma dificuldade em puxar as pessoas de forma mais intensa para o projeto” e “a ideia é fazer com que as pessoas acordem um bocadinho da sua indiferença e se tornem mais solidárias”, frisou.
O núcleo de Nossa Senhora de Fátima conta atualmente com 250 voluntários, mas seriam necessários cerca de 300 para distribuir as cerca de 330 refeições diárias a pessoas carenciadas que ali recorrem.
Segundo Francisca Vermelho, o número de pessoas que procuram a Re-Food tem vindo a crescer, assim como os restaurantes e empresas que aderem ao movimento, que resgata mais de 25 mil refeições por mês, número que tem vindo a aumentar todos os meses
“Estamos a crescer a uma velocidade brutal, já existem 17 núcleos e provavelmente este número vai dobrar até ao final do ano”, avançou.
Até junho estão previstos abrir vários núcleos: Belém, Santa Clara, Alcântara, Covilhã, Santo António, Almancil, Cascais e Ermesinde
O projeto conta atualmente com 2.314 Voluntários nos 17 núcleos e apoia diariamente 1.726 pessoas. Para conseguir realizar estar tarefa, o Re-food tem “687 fontes de alimentos”, entre os quais restaurantes, cafés, pastelarias, padarias, refeitórios, supermercados e hipermercados.
A voluntária adiantou que o apoio dos supermercados e hipermercados foi muito importante para melhorar a qualidade de alimentação das famílias carenciadas.
“Além das refeições, passámos a dar iogurtes, fruta, legumes, o que melhorou imenso a qualidade da alimentação das nossas famílias”, sublinhou.
Francisca Vermelho adiantou à Lusa que outro objetivo da Re-food é que alguns beneficiários possam passar para outros núcleos, conforme forem abrindo noutros bairros.
“Enquanto núcleo fundador temos muitas pessoas que não são do bairro e gostaríamos que fossem para o seu bairro”, disse a voluntária, admitindo, no entanto, que nem sempre será possível porque muitos beneficiários não querem que os vizinhos conheçam a sua situação.
Em Portugal, 2,6 milhões de pessoas vivem em risco de pobreza, sendo que destes mais de 640 mil serão crianças e jovens.