O objectivo é combater a fome junto da população carenciada do bairro do Zambujal. Com o apoio da empresa Siemens, um grupo de voluntários distribui uma refeição diária a mais de 40 pessoas referenciadas pela sua debilidade económica, por assistentes sociais.
Ocuparam a antiga creche do bairro, num espaço cedido pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). Mesmo sem luz eléctrica, preparar as refeições que ali chegam em caixas térmicas para as distribuírem ainda quentes, a partir das 17 horas. “Damos sempre sopa, um prato de peixe e outro de carne”, explica Felicidade Nunes, presidente da Associação de Moradores do Bairro do Zambujal “A Partilha” e uma das mentoras deste projecto, intitulado "Partilha de Afectos – Refeitório Social".
Felicidade Nunes vai todos os dias, no seu próprio carro e com a ajuda de um dos voluntários, buscar os excedentes das refeições confeccionadas no refeitório da Siemens, em Alfragide. “Fazemos das tripas coração porque todos os dias nos chegam mais pedidos de ajuda”, admite, contudo, a responsável.
Ao todo, seis voluntários ajudam a colocar de pé o projecto que durante a semana é o sustento de muitas famílias. É o caso de Antónia Piedade que, com uma reforma de 247 euros, tem de pagar água, luz e gás, para além dos medicamentos. Vive sozinha e se não fosse o projecto “tinha de andar a pedir”, afirma.
Também Maria Helena Carlos, que vive com uma filha deficiente, recebe o apoio do Partilha de Afectos. “A minha filha não tem direito a nenhuma pensão e eu cheguei a receber, mas foi-me retirada. Agora vivemos da ajuda dos meus outros filhos e das refeições que aqui nos são cedidas”, garante. “Não tenho dinheiro para pagar uma escola ou colégio à minha filha e tenho de estar sempre com ela e isso impede-me de ter trabalho”, acrescenta.
