Simulacro detecta falhas no apoio operacional em caso de sismo em Setúbal

O concelho de Reguengos de Monsaraz, definido como região de apoio imediato ao município de Setúbal em caso de sismos graves, não tem capacidade de resposta em caso de emergência, disse o coordenador municipal da Proteção Civil setubalense.

Este foi o principal problema detetado num simulacro que decorreu este fim de semana em Setúbal, organizado para avaliar a preparação do dispositivo municipal de proteção civil e a avaliação da capacidade de resposta a 200 desalojados em caso de sismo, adiantou à Lusa José Luís Bucho, coordenador da Proteção Civil de Setúbal.

O responsável explicou à Lusa que o plano de risco sísmico para a área metropolitana de Lisboa, elaborado pela Autoridade Nacional da Proteção Civil, define o concelho de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, como localidade de apoio imediato a Setúbal em caso de emergência, com a missão de prestar socorro nas primeiras horas.

Segundo José Luís Bucho o simulacro deste fim de semana demonstrou “a incapacidade” de resposta do concelho alentejano, “que não tem uma estrutura capaz de prestar qualquer apoio”, existindo apenas “boa-vontade, meios humanos e uma viatura”, que não tem utilidade em caso de impossibilidade de o socorro seguir por via terrestre.

“A Autoridade Nacional de Proteção Civil tem que olhar para isto, não é só ter os planos bonitos e depois metê-los na gaveta”, criticou o responsável municipal, que adiantou que o mesmo se passa com outros concelhos de Évora destacados como pontos de apoio imediato a municípios do distrito de Setúbal.

As autoridades de Setúbal e Reguengos de Monsaraz pretendem fazer um relatório a alertar para a situação as autarquias e a Autoridade Nacional de Proteção Civil, que se fez representar no simulacro por dois comandantes distritais, que não ficaram para a reunião de balanço da iniciativa.

José Luís Bucho faz, contudo, uma avaliação positiva do simulacro, que, no essencial, conseguiu dar resposta a uma situação de centenas de desalojados em consequência de um sismo grave. Apesar de inicialmente estarem inscritos cerca de 200 participantes, apenas perto de 90 voluntários compareceram e apenas com a ajuda de um grupo de escuteiros se atingiu o número de 150 participantes.

Em termos de procedimentos, o responsável da Proteção Civil municipal referiu que há pequenos aspetos a melhorar, mas lamentou que nestes dois dias não tenham óbito, “mais uma vez”, a colaboração de entidades ligadas ao Ministério da Saúde, como o centro de saúde, delegados de saúde e o INEM, não permitindo testar a articulação com estes meios.

José Luís Bucho declarou que a exceção em termos de entidades de saúde foi o centro hospital de Setúbal, “que participou de forma ativa, crítica e construtiva”.

“Este é um simulacro que gostávamos de ver replicado noutros municípios”, disse, acrescentando que os municípios de Palmela, Almada, Seixal e Sines, assim como algumas organizações não-governamentais, participaram como observadores.